"Sem margem para qualquer dúvida, ficou demonstrada a real diferença entre o actual Benfica e o actual Sporting. Num dérbi que as águias dominaram por completo, o triunfo é tão indiscutível como merecido. Mas desta vez não foram apenas os valores individuais a pesar na balança. Do ponto de vista táctico, Jorge Jesus anulou totalmente as intenções de Leonardo Jardim. No fim, a vantagem de dois golos até é curta para a produção de jogo das duas equipas. A da Luz realizou um voo de líder.
A primeira meia hora da partida foi de tal modo elucidativa que dificilmente se percebia de que maneira poderia o Sporting travar o andamento do adversário. A entrada do Benfica foi muito forte, deixando os leões sem capacidade de reação, limitando-se, dentro do possível, a evitar danos maiores. Com Fejsa e o notável Enzo Perez a controlarem o meio campo como e quando queriam, suportados nas diagonais de Gaitan e Markovic, mais as subidas pelos corredores de Maxi e Siqueira, o Benfica "estrangulou" o Sporting, como se este tivesse sido metido num colete de forças.
A desorientação leonina foi visível naquele período, não somente no plano táctico mas igualmente na resposta individual. Cédric e Piris passaram por maus bocados e o nervosismo estendeu-se até a Rui Patrício, que aliviou uma bola contra Lima, quase levando ao golo. As ameaças multiplicaram-se, até que Gaitan finalizou mesmo, numa assistência de Maxi (o papel determinante dos laterais). Absolutamente normal, só surpreendendo não ter acontecido mais cedo.
Mesmo baixando ligeiramente a velocidade (nenhuma equipa consegue correr daquela maneira durante 90 minutos), o Benfica continuou na segunda parte com a cartilha da primeira e o facto é que em momento algum da partida se admitiu a vaga possibilidade do Sporting inverter o destino do jogo. Os encarnados chegaram ao segundo golo - um trabalho magistral de Enzo Perez - , mas Rodrigo, por três vezes, podia ter subido a parada não fossem as grandes intervenções de Patrício, em duas delas, e a mira desafinada na outra.
O Sporting, tirando o lance protagonizado por Heldon (e já íamos nos 63 minutos), não logrou criar uma verdadeira ocasião de golo. Um desnível atacante que, contudo, tem várias explicações. Boa parte delas estão dadas na forma como o Benfica atuou. As restantes radicam numa solução que Leonardo Jardim pensava ser engenhosa, mas - como se viu - inaplicável com aqueles jogadores.
Dier, que não tem qualquer ponto de contacto com o perfil de William Carvalho, entrou perdido e perdido saiu. Adrien foi obrigado a fazer as despesas de uma dupla função, para tentar suprir o défice do meio campo, enquanto André Martins, destacado para a direita, foi mais vezes peixe fora de água do que outra coisa.
Jardim, um tanto estranhamente, começa por trocar Martins por Capel (que nada mais acrescentou), relegando para mais tarde uma mudança estrutural : entrada de Gerson Magrão, saída de Piris, com Dier a central e Rojo na lateral esquerda. Uma tentativa fora de horas, que não impediu que Montero e Slimani continuassem a ser presas fáceis para Garay (outra óptima exibição) e Luisão.
Em boa verdade, o destino, como referi acima, era visível desde muito cedo. É de admitir que esta versão do Sporting sirva para jogar em ataque continuado perante equipas que defendem, mas frente aos encarnados não deu, sequer, para equilibrar as coisas. O campeonato não está resolvido, obviamente, mas a partir deste momento o Benfica é a única equipa que depende do que ela própria fizer. E, para já, assinou dois triunfos sobre os rivais, em casa. Ambos inquestionáveis, acrescente-se.
Sobre Marco Ferreira. O melhor elogio que se pode fazer ao árbitro é dizer que não foi por causa dele que o Benfica ganhou, nem por causa dele que o Sporting perdeu. Muito bem."
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