"Inovações tácticas no Sporting não resultaram.
Com um dispositivo mais ousado, bem tentou Leonardo Jardim replicar à má fortuna que o 5.º cartão amarelo mostrado a William Carvalho, frente à Académica, constituiu para o Sporting. Mas o que ficou à vista foi o descalabro, acabando por ser pior a emenda que tudo o resto, embora se compreenda a intenção do técnico. Sem o seu "trinco" de confiança e já sem o outro (Rinaudo) por Alvalade, o problema só poderia ser resolvido com a adaptação de Dier e, ao mesmo tempo, com a aposta forte na frente de ataque, como forma de evitar situações de sufoco por parte das linhas dianteiras dos da casa. O expediente, porém, não resultou.
De características mais defensivas e menos colaborante nas acções de transição, Dier não fez esquecer William e disso se aproveitou o Benfica para, por aí, pelo corredor central, carrilar preferencialmente o seu jogo e controlar a situação. Como já se admitia, Enzo Perez voltou a ser a pedra fundamental nesta manobra e a verdade é que o Sporting não teve argumentos para contrariar a avalancha atacante adversária, nem sequer capacidade para criar qualquer perigo para as redes à guarda de Oblak. Apesar da tão badalada aposta ofensiva que fez surpreender os observadores.
A primeira meia hora foi totalmente do Benfica, no decorrer da qual marcou muito justamente o seu golo (Gaitán, 27'), após centro de Maxi, e ficando a dever a si próprio mais um ou dois, que teriam sentenciado o jogo. Só nos últimos dez minutos, o Sporting deu um ar da sua graça, lá na frente, onde Helton, apesar de estreante, se mostrou aplicado, não mais do que isso, no seu flanco esquerdo, corredor por onde os "leões" mais jogo ofensivo canalizaram.
Claro que a falência do meio-campo leonino voltaria, na 2.ª parte, a estar em evidência - Adrien era pau para toda a obra e revelava-se naturalmente insuficiente - com a dupla Fejsa-Enzo, bem secundada por Markovic e Gaitán, a não conceder quaisquer hipóteses a uma equipa sem disciplina e menor pujança no miolo. A entrada de Capel para o lugar de André Martins contribuiria, assim, para uma maior dinâmica do Sporting, mas mais determinante foi a troca de Piris por Magrão, não tanto pelas qualidades do recém-entrado, mais pela melhor "arrumação" que a equipa passou a denunciar.
De facto, a saída do lateral-esquerdo provocou o desvio de Rojo para aquela posição, ficando Dier a central e permitindo a Magrão reforçar o miolo, no apoio às acções de Heldon. Ao mesmo tempo, era visível o empenho de Rojo, descendo no corredor como Piris raramente tinha feito. Foi esse o período de maior insistência do Sporting, embora sem construir grandes ocasiões, excepção para um bom lance de Heldon, que falharia o alvo. Mas também o Benfica tinha já criado situações semelhantes, mais perigosas até, em que o dilatar da vantagem esteve mesmo à vista, não fora a classe de Rui Patrício.
A atenção e destreza do n.º 1 do Sporting tem, contudo, limites. E, de tanto insistir, o Benfica fez mesmo o 2-0, numa grande jogada individual de Enzo Perez, na zona frontal. Em duelo directo com Dier, o criativo médio argentino trocou as voltas ao inglês, acabando por rematar com o pé esquerdo, sem dar tempo a Patrício para esboçar qualquer reacção. Um golaço. De imediato, Jesus fez saltar do banco Rúben Amorim para substituir Rodrigo e, desta forma, bloquear ainda mais os acessos à baliza de Oblak. Estava tudo consumado
Em resumo, um triunfo inquestionável do Benfica, que ganhou com toda a justiça e clareza, perante um Sporting que acusou demasiado a ausência de William e, verdade seja dita, também nunca soube tirar partido da tal maior amplitude da sua frente de ataque. Enquanto os encarnados confirmaram o seu excelente momento - está definido o "onze", depois de experiências mil - já o Sporting não se deu bem com as experiências efectuadas e terá rubricado a mais modesta exibição da presente época.
O árbitro Marco Ferreira teve uma actuação simplesmente exemplar."
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