"Um olhar cartesiano para o calendário do Campeonato, diz-nos que o jogo do Estádio do Dragão é o mais difícil de todos os trinta compromissos a ultrapassar na competição. É o desafio que nos coloca frente com o principal adversário, no terreno deste, sendo, portanto, sob o ponto de vista teórico e prático, o mais complicado da temporada nacional. Nessa medida, não há como desprezar o empate alcançado na noite da passada sexta-feira, sendo indiscutível que, sob o ponto de vista anímico, o mesmo penalizou mais a equipa da casa - tal como, diga-se, penalizaria mais o Benfica se a partida se tivesse disputado em Lisboa.
Coisa diferente é dizer que esse mesmo empate (justíssimo, há que o dizer) nos deixou satisfeitos, como sugeriu o treinador portista na conferência de Imprensa após o jogo.
Salvo eliminatórias europeias, em que o resultado da segunda mão estava condicionado pelo que se havia passado antes, não me recordo de ter alguma vez ficado amplamente satisfeito com um empate do Benfica. Mesmo contra equipas como o Manchester United ou Barcelona, os empates sempre me deixaram em certo sabor a pouco, e a sensação mais ou menos amarga de, com perícia ou sorte, se ter podido ir um pouco mais além.
Vi, pelo contrário,muitas vezes o FC Porto a festejar empates na Luz, nalguns casos a zero golos, depois de apresentarem um futebol extremamente defensivo - basta lembrarmo-nos dos tempos de Aloísio, André e Paulinho Santos, para percebermos como a afirmação da equipa portista no Campeonato passava por não perder no Estádio do seu grande opositor.
Não falemos, pois, em satisfação. Falemos de um resultado que pode ser importante no desenrolar da prova, mas que só o futuro dirá ter-se tratado efectivamente, ou não, de um passo rumo ao título.
Para já, olhando à história, há que dizer que muitas das vezes que empatamos nas Antas, e no Dragão, acabámos por ser campeões, o que não deixa de ser um bom sinal."
Luís Fialho, in O Benfica
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