"«Um profissional nota 10: dois pontos de esforço, três pontos de talento e cinco pontos de carácter», disse Roland Barthes, sobre a excelência e a ética do mérito.
Vem isto a propósito de Maxi Pereira. E do confronto da sua atitude profissional com colegas que só se acham com direitos acrescidos e deveres abreviados.
Gosto de jogadores como Maxi. Que nem são calculistas no esforço, nem interesseiros na dedicação. Que se revelam integralmente no trabalho e não no encantamento ilusório da social notoriedade. Que não se deixam abater por um qualquer erro inerente ao trabalho, mas que se sabem superar perante a diversidade. Que têm tanto de generoso como de solidário. Que não se consomem em lamurias ocasionais.
Recordo-me que Maxi Pereira chegou ao Benfica como figura secundária, ao lado de C. Rodriguez. Sem alardes, com dedicação, suor e luta, sem tiques de vedetismo e até sem boa imprensa, soube subir a montanha e ser hoje um jogador imprescindível. Pelo exemplo, pela fibra do carácter, pelo rigor do profissionalismo.
Maxi Pereira tem semelhanças físicas com o inesquecível Mário Moreno, mais conhecido por um humano, sensível e divertido Cantinflas. Lembro-me de uma das suas frases num dos filmes que protagonizou e que aqui transcrevo, substituindo o verbo que ele usou (amar) pelo verbo que poderia unir Cantinflas e Maxi Pereira (trabalhar): «Eu trabalho, tu trabalhas, ele trabalha, nós trabalhamos, vós trabalheis, eles trabalham. Oxalá isto não fosse uma conjugação, mas uma realidade!».
PS - Notável a operação Roberto que, com Coentrão, iguala a venda do BPN pelo Estado!"
Bagão Félix, in A Bola
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