"Nos dias que correm, tudo, mas literalmente tudo, serve para atacar o bom nome do Benfica. Agora, até o presidente do Vitória de Setúbal insulta os profissionais do nosso Clube porque, pasme-se, o Benfica não conseguiu vencer o Portimonense e a Naval. Eu, como benfiquista, também fiquei agastado, mas não esperava encontrar em Fernando Oliveira um companheiro de lamentação.
O inesperado da situação prende-se, essencialmente, com dois motivos. De facto, já vira presidentes adversários a decidir nomeações de árbitros, árbitros assistentes, observadores e, inclusive, a decidir sobre a constituição de plantéis de clubes satélite disfarçados de adversários. Até já vira dirigentes a tomar decisões sobre a oportunidade das famosas lesões na glândula da decência que impedem alguns futebolistas de clubes adversários de defrontar o seu clube. Mas nunca vira nenhum presidente de nenhum clube onde essas práticas aparentam ser correntes a querer tomar decisões sobre a constituição da equipa do Benfica. Fiquei surpreendido, pois Fernando Oliveira chegou a pensar em poder fazer no Benfica o que outros, aparentemente, fazem no seu Vitória.
O segundo motivo que me leva a tal espanto, prende-se com o facto de só agora Fernando Oliveira ter incluído a expressão “um jogo entre amigos” no seu discurso. Eu, por exemplo, já a uso há bastante tempo. Uma das vezes em que a usei foi em Abril de 2009, num jogo entre o Vitória de Setúbal e o FC Porto. Para os mais distraídos, foi o jogo do famoso ‘minuto 58’, o fatídico minuto em que, certamente por coincidência, Leandro Lima e Bruno Gama, jogadores emprestados pelo FC Porto ao Setúbal, e que estavam a ser os dois jogadores mais perigosos dos sadinos, foram substituídos. Antes da substituição o jogo estava empatado. No final, os de Setúbal tinham perdido para os do Porto.
Nesse dia não ouvi o actual presidente do Setúbal falar em verdade desportiva nem no infame minuto 58. Possivelmente, estaria a festejar a vitória dos amigos sobre o seu Vitória. De facto, de “jogos entre amigos” percebe ele."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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