"Tem razão o treinador do Sporting Paulo Sérgio quando criticava a imposição televisiva dos horários dos jogos e a dificuldade das equipas em programar a actividade das equipas. E temos nós, espectadores, quando nos vemos em palpos-de-aranha para planear um fim-de-semana entre o prime time futebolístico e as diferentes preferências familiares. É que semana a semana. calha-nos o jogo preferido umas vezes ao sábado, outras ao domingo, quando não a uma sexta-feira de vésperas ou a uma serôdia segunda-feira. E quanto à hora vespertina, há para todos os gostos. Então nas semanas europeias, é fartar de vilanagem: jogos todos os dias e todas as horas!Receio até que, a prazo, de tanta fartura, se possa depreciar a genuinidade do produto.
Não nego o meu saudosismo pelos tempos que ir a um estádio às três da tarde de domingo constituía liturgia de amizade e tertúlia de boa disposição. Um tempo em que a tarde antes, durante e depois do jogo tinha uma métrica horária inigualável e em que a «defesa da tarde» não era à noite como agora...
Mas compreendo que estas de jogos televisonados são a consequência dos tempos. É que o futebol há muito perdeu o romantismo para se instalar como um negócio-espectáculo, onde se movimenta muito dinheiro e se digladiam fortíssimos interesses. As antes clássicas quotizações dos associados assumem agora uma invisível expressão monetária quando pagamos a parte da promoção publicitaria incluída no preço de certos bens e serviços. Por isso, se Paulo Sérgio - um sensato e bom profissional - tem razão nas queixas, também sabe que é em função destas novas e imperativas regras que muitos técnicos ou atletas podem ter remunerações muito além do que há anos aspiravam."
Bagão Félix, in A Bola
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