"FC Porto protestou fora de campo e resolveu dentro, mostrando que é o grande em melhor forma do momento; Mourinho: quanto deste discurso é estratégico?
Em alta competição, um dia a menos de descanso entre jogos faz mesmo a diferença. Não foi por acaso que José Mourinho sublinhou ontem a vantagem de o Benfica poder jogar com o Chelsea quatro dias depois da receção ao Gil Vicente em vez dos três dias de intervalo das partidas anteriores. Para o adepto comum isto pouco fará a diferença, mas esta pode ser a distância entre uma lesão indesejada ou um ponto (ou pontos perdidos). Foram mais que legítimas as queixas do FC Porto com o adiamento do jogo com o Arouca, não só pela razão material (menos tempo de descanso para o confronto com o Estrela Vermelha, para a Liga Europa) como pelos motivos que estão por detrás e que expõem as falhas de quem tem a responsabilidade de organizar a competição (Liga).
Mas este dragão parece viver uma fase em que não vale a pena levar a política para dentro de campo. Mais uma vez Francesco Farioli não se escudou em desculpas, não se deu a poupanças e a resposta dos jogadores evidencia que há uma óbvia comunhão de ideias, goleando por 4-0 numa segunda-feira à noite quando deveria tê-lo feito num domingo, mesmo reduzido a dez elementos.
Dos três grandes, o FC Porto é indiscutivelmente a equipa que melhor futebol apresenta na atualidade e o clássico no Dragão com o Benfica poderá representar, em caso de vitória, mais que um triunfo - será a confirmação de que é o mais sólido candidato ao título depois de ter batido o campeão Sporting em Alvalade.
Já se percebeu que José Mourinho não se sente muito confortável por ter agarrado o comando técnico do Benfica sem a possibilidade de colocar efetivamente as mãos na massa e talvez seja essa a desculpa que os adeptos encontram por ainda não se vislumbrar qualquer mudança estrutural (nem pontual) na forma de jogar das águias relativamente ao que acontecia com Bruno Lage. Só o tempo dirá quanto tempo irá durar o estado de graça do técnico que foi campeão europeu pelo FC Porto e Inter. Tal dependerá, em primeiro lugar, dos resultados e só depois da forma e do estilo, ironicamente a máxima que era invocada pelo antecessor após o arranque oficial da época. A estratégia de Mourinho tem sido clara: sem alaridos, usando o dom da palavra e, no caso da antevisão do confronto com os londrinos, mantendo o tom cordial. Mas até que ponto tudo isto não é uma estratégia para ganhar tempo?"
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