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domingo, 28 de setembro de 2025

Seis centímetros e o ferro no grande galo que deu ao Galo


"Benfica somou nova exibição medíocre, em que nada pareceu fazer sentido, desde o onze inicial às decisões tomadas durante a partida. Dizer que o Gil Vicente merecia mais é redutor. Merecia muito mais

O onze inicial de José Mourinho denunciava o que se viria a verificar em campo depois, ainda mais misturado com a pressão dos últimos resultados: um Benfica trapalhão, em que as peças continuam a não ligar entre si e em que o cansaço só por si não justifica.
Aursnes desceu no relvado para ser o 6, no lugar do suspenso Barrenechea, e ficava isolado dos centrais por uma primeira cortina de pressão, sendo depois facilmente pressionável pelos médios minhotos, nas poucas vezes que a bola lhe chegava. Como o norueguês nunca baixava para facilitar a construção, esta era feita apenas por António Silva e Otamendi, com os laterais demasiado cautelosos e próximos, falhando na atração dos extremos para libertar espaço para uma saída limpa — o que obrigava o português a arriscar mais do que devia, e a perdas da posse.
O Gil Vicente, por sua vez, muito bem organizado, a jogar no campo todo, era precisamente o oposto. Conseguia ultrapassar a pressão, ligar os setores e sair rápido na direção de Trubin. O ucraniano, logo no primeiro minuto, assinou a primeira grande defesa perante Murillo. E, aos 11, depois uma falta não assinalada que o próprio tinha sofrido numa dessas aventuras arriscadas pela direita, António Silva derrubou Agustín em zona frontal. Luís Esteves converteu o livre de forma exemplar.
As águias viraram em seis minutos. Aos 18, Aursnes conseguiu finalmente respirar, com um pouco de espaço à frente, e apanhou Dahl na sua rota. Pavlidis recebeu depois na área, perdeu-a, mas ainda conseguiu colocar em Schjelderup. O norueguês cruzou e Zé Carlos, numa tentativa de corte mal sucedida, deixou a bola à frente de Pavlidis. O grego foi lesto a finalizar e bateu Andrew pela primeira vez. Na segunda, na conversão do penálti, aos 24, o guarda-redes brasileiro ainda ficou mais longe de tocar na bola. A originar a falta, um derrube de Elimbi a Lukebakio, isolado por um pontapé longo de Otamendi.
Esperava-se que o Benfica serenasse um pouco, mas os homens de César Peixoto continuavam dentro do resultado, uma vez que Lukebakio, lançado por duas ou três vezes, teimava em não acertar na baliza, fosse com o pé direito ou o esquerdo, o seu preferido.

Águia ainda voltou pior dos vestiários
O intervalo só foi bom conselheiro para os visitantes. O Benfica que regressou dos vestiários foi empurrado para trás pelos de César Peixoto. Trubin fez mais uma grande defesa aos 46 minutos, Santi García acertou na trave pouco segundos depois num pontapé acrobático, aos 49 um golo de Pablo foi anulado pelo VAR por um fora de jogo de seis centímetros e, aos 54, um grande pontapé de Murillo de fora da área voltou a ser devolvido pelo ferro. A Luz estremecia, perante tamanho cenário dantesco.
O Benfica foi uma nulidade no ataque e acabaria mesmo a queimar tempo. Andrew tornou-se mero espectador. A mensagem que vinha do banco, aos 68 minutos, com a entrada de Barreiro para o lugar de Schjelderup, também era nesse sentido. Era preciso fechar a porta, evitar que o Gil Vicente chegasse ao empate. Ivanovic, entrado para o lugar de Lukebakio, era o único que se aproximava da área contrária, mas ainda assim longe de conseguir finalizar.
É normal que Mourinho dê agora valor ao resultado, à quebra do ciclo negativo para poder construir a partir daqui. No entanto, só aí, no resultado mesmo, parece ter sido travado. O futebol encarnado continua mau demais. E sem sinais de melhora, bem pelo contrário."

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