"Nené revelou enorme paciência e confiança ao longo da sua carreira, o que foi fundamental para o seu sucesso
Quanto mais novos somos,
menos paciência temos.
Durante a juventude,
quer-se tudo o mais rapidamente possível. Com os anos,
vamos aprimorando a paciência.
Diz-se que é uma virtude, porque
a sua ausência pode levar à frustração. No futebol de formação, é
transmitido aos jogadores que a
sua evolução é particular, pois as
comparações podem levar à descrença nas suas capacidades.
Nené, aos 17 anos, revelava já
enorme paciência. Em fevereiro
de 1967, ingressou no Benfica
e, ao contrário da maioria, não
demonstrou pressa em estrear-
-se pela equipa de honra: “Tenho
idade de júnior e devo jogar dois
anos nessa categoria. Ainda bem
que vim cedo para me poder
ambientar à nova vida, antes de
ser chamado a maiores responsabilidades.”
Mesmo nessa categoria, teve
de aguardar alguns meses para
realizar a sua primeira partida
oficial pelos encarnados. “Interrompido há várias semanas,
devido a inquéritos e recursos
apresentados por vários clubes
concorrentes”, o Campeonato
Nacional de Juniores regressou
apenas em 11 de junho. Nené
não esmoreceu e preparou-se
para esse momento. Frente ao
Olhanense, o avançado encantou: “Alto e bem ginasticado, com
um pé direito que operou ontem,
claro, maravilhas, em dribles
com simulação do corpo, se progredir poderá ser um caso muito
sério dentro de pouco tempo.”
A sua exibição foi coroada com
um golo, que fixou o triunfo em
3-0.
Na temporada seguinte, foi
um dos elementos-chave para a
conquista do Campeonato Nacional júnior. Na final, frente à Académica, quando as equipas ainda
se encontravam empatadas a
zero, construiu um lance de
enorme maturidade e, “com uma
calma impressionante, marcou
o primeiro golo” do encontro,
embalando a equipa rumo à vitória por 2-0.
As suas prestações proporcionaram que se estreasse pela
equipa de honra dos encarnados
no início da época 1968/69. No
entanto, ainda não estava estabelecido nessa categoria, alternando entre participações em
juniores, reservas e honra, situação que se manteve na temporada seguinte.
Na época 1970/71, foi promovido definitivamente à equipa de
honra, ganhando um lugar no
onze benfiquista e tornando-se
cada vez mais influente no processo ofensivo dos encarnados.
No entanto, os avançados vivem
dos golos, sendo apontado muitas vezes o número de tentos que
marcam para medir a sua qualidade. Tinham-se passado dois
anos, e Nené continuava sem ter
marcado nenhum golo em jogos
oficiais no principal escalão.
Apesar de a pressão ir aumentando, o avançado permanecia
paciente e convicto de que o seu
momento ia chegar. Em 31 de
outubro, frente ao Tirsense, Nené
foi um dos jogadores que mais se
destacaram, “o grande impulsionador do ataque benfiquista,
usando a rapidez de movimentos, sempre em jogo e pondo em
jogo os companheiros com cruzamentos e aberturas das quais
resultaram golos”. A goleada por
7-0 teve intervenção direta do
avançado, ao contribuir com o
seu primeiro golo, o terceiro da
equipa. O jejum estava quebrado!
Saiba mais sobre este magnífico jogador na área 23 – Inesquecíveis, do Museu Benfica –
Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica

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