"O jogo de hoje é muito mais do que apenas um título. Quem conhece o futebol português percebe a relevância da final do Jamor para todos os que têm o privilégio de estar presentes. Sendo esta uma verdade inquestionável, a final de hoje poderá ainda ter uma influência determinante no rumo que tanto Benfica como Sporting irão seguir.
Que seja uma festa
O formato da Taça de Portugal está criado para que, na final, a probabilidade de se encontrarem dois dos três grandes seja maior. Não concordo com o facto de as meias-finais serem a duas mãos. Assim como entendo que os clubes de divisões inferiores deviam jogar sempre em casa frente a adversários de divisões superiores. A Taça é a competição que permite faz
er sonhar. Que leva a elite a clubes que, por norma, não têm capacidade de disputar as grandes competições. Se a Taça de Portugal é de todos e para todos, então, que se criem condições para que as forças estejam mais equilibradas e para que a festa seja a palavra que carateriza esta competição.
er sonhar. Que leva a elite a clubes que, por norma, não têm capacidade de disputar as grandes competições. Se a Taça de Portugal é de todos e para todos, então, que se criem condições para que as forças estejam mais equilibradas e para que a festa seja a palavra que carateriza esta competição.
Para o dia de hoje tenho dois desejos. O primeiro é que fora das quatro linhas possamos ter um convívio entre todos os adeptos, independentemente do clube que apoiam. Que a mata do Jamor se transforme num momento de união, desportivismo e de lazer antes das decisões dentro das quatro linhas. O segundo desejo é que os intervenientes tenham a capacidade de terminar a época com um grande jogo de futebol, bem diferente do último e recente Benfica-Sporting em que assistimos a um jogo não muito bem jogado. Por fim, desejo que os vencedores saibam vencer e que os vencidos saibam perder. O exemplo terá sempre de partir dos protagonistas.
A importância para o Sporting
Apesar de ter vencido o campeonato, o jogo de hoje continua a ser muito importante para o Sporting. É verdade que a pressão diminuiu, uma vez que o principal objetivo (campeonato) foi alcançado. Contudo, se o Sporting ganhar hoje a Taça de Portugal consegue conquistar a dobradinha, algo que já não acontece desde 2001/2002. Se o conseguir reforça o seu posicionamento. Rui Borges é quem mais tem a ganhar. Se vencer o jogo de hoje acaba a época sem nenhuma derrota pelo Sporting durante 90 minutos nas competições nacionais. Não devemos ainda esquecer o impacto que os jogos frente aos rivais têm. Assim, em caso de vitória, jogadores e administração saem reforçados, mais confiantes e com tranquilidade para descansarem e prepararem a próxima época com a confiança em alta. Por fim, e não menos importante, é o que uma vitória do Sporting poderá causar no Benfica. Uma vitória do Sporting fará com que a pressão, instabilidade e contestação no Benfica aumentem.
A importância para o Benfica
Para o Benfica o jogo de hoje é de vital importância. Em primeiro lugar porque a pressão para vencer a Taça aumentou, depois da perda do campeonato. Em segundo lugar, uma vitória trará mais estabilidade e confiança, o que vai contribuir para que a equipa técnica e jogadores possam preparar o Mundial de Clubes com maior tranquilidade. Em terceiro, porque o facto de o Benfica ter ficado em segundo lugar no campeonato faz com que os encarnados tenham um início de época muito intenso. Possivelmente, muitos dos jogadores do plantel não irão ter um período de férias adequado. A começar estão os jogos de seleções entre 2 e 10 de junho e um Mundial de Clubes, que irá começar no dia 16 de junho e que vai durar até pelo menos 24 de junho, mas que pode ser alargado caso o Benfica passe a fase de grupos. Dia 1 de agosto há a Supertaça. Por norma, as equipas começam a trabalhar até três semanas antes da competição, o que faz com que no dia 11 de julho comecem os trabalhos da nova época. O mês de agosto será terrível com a possibilidade de o Benfica jogar quatro jogos na Liga dos Campeões (duas pré-eliminatórias) que serão fundamentais para a entrada na prova milionária, com a respetiva compensação financeira.
A juntar a tudo isto temos os jogos do campeonato que irão começar no dia 9 de agosto. A realidade é que o Benfica tem de efetuar o planeamento da época em competição, com as respetivas compras, vendas e dispensas de jogadores e sem a certeza da participação na Liga dos Campeões, o que pode influenciar a abordagem ao mercado. Para piorar todo este cenário, em outubro, irão existir eleições que naturalmente aumentam a pressão. Analisando os próximos meses existem dois eventos que serão determinantes e que podem ser responsáveis por mudanças internas. O jogo de hoje é um desses eventos. Uma derrota frente ao Sporting poderá representar o adeus de Bruno Lage. Tal decisão terá reflexos financeiros com mais uma indemnização e com a contratação de um novo nome, que deverá já estar identificado. Em termos desportivos, a contratação de um novo treinador será sempre uma aposta de risco porque, com tanta densidade competitiva, as ideias e a nova metodologia terão de ser adquiridas em competição. Em termos emocionais, uma vitória no jogo de hoje poderá ter um impacto importante pela confiança que trará a todos e pela redução da pressão por parte dos adeptos.
O segundo evento muito relevante é a disputa das pré-eliminatórias da Liga dos Campeões. Se o Benfica não conseguir a entrada na prova milionária perderá uma fonte de receita fundamental e difícil de substituir. Isto poderá levar a ajustes drásticos no planeamento da época. Se em condições normais o Benfica tem de vender €100 M limpos de comissões para poder ter um resultado financeiro positivo, sem a Liga dos Campeões as águias terão de vender muito mais. Complementarmente, a ausência da prova milionária fará com que o Benfica deixe de estar presente na grande montra de clubes. Por outras palavras, o Benfica deixará de estar presente na competição que lhe permite valorizar os jogadores. Se em termos competitivos, e como referiu Bruno Lage, o slogan é «um dia a la vez», fora das quatro linhas será fundamental que o caminho esteja bem definido e que os vários cenários estejam devidamente identificados e preparados, caso contrário a probabilidade de sucesso diminui drasticamente.
A valorizar: Rodrigo Mora
De uma forma justa foi, aos 18 anos, pela primeira vez convocado para a Seleção Nacional A.
A desvalorizar: Ruben Amorim
Uma época de sonho transformou-se numa época de pesadelo para o treinador do Manchester United."

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