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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Tranquilidade encarnada num fim de domingo à tarde


"Foi uma noite em que o único sobressalto foi mesmo saber-se se havia jogo ou não. A partir daí, o Benfica resolveu cedo frente a um muito adormecido Gil Vicente e a vitória por 3-0, com golos de Cabral, Neves e Rafa, deixa os encarnados como líderes à condição da I Liga

É difícil sacar de adjetivos docinhos num fim de semana em que qualquer jogo de futebol esteve ameaçado de acontecer, mas eis que o Benfica quis assegurar, rapidamente e até com algum regalo, um final de fim de semana agradável, no lusco-fusco lisboeta, como que romanticamente alheado dos extras-futebóis que de repente entraram pelos futebóis adentro (e, dizem eles, até podem entrar por sufrágios adentro, imagine-se).
Frente ao Gil Vicente, a coisa resolveu-se rápido, surpreendentemente rápido e indolor. Bem, pelo menos para o Benfica. Quando, aos 49’, Rafa recebeu o passe atrasado de Aursnes, esta noite a jogar no meio-campo, e rematou cruzado e chapado, a chapada foi demasiado truculenta para os gilistas, que já tinham sofrido dois golos na 1.ª parte. Ficou ali feito o jogo, um jogo em que o Benfica jogou o que quis, à velocidade que quis, com o controlo que quis, frente a um Gil que tem gente com muitos bons pés (Maxime Domínguez é uma maravilha), mas por quem não se deu durante aqueles 90 minutos, desprovidos de qualquer agressividade por parte dos visitantes.
E assim, ainda a meio da 2.ª parte, Roger Schmidt conseguiu gerir, dando minutos a Álvaro Carreras, Rollheiser ou Marcos Leonardo, experimentando mais uma vez Neres atrás de Arthur Cabral, num domingo domingueiro em que sobressaltos só mesmo antes da polícia aparecer a horas. O Benfica é líder da I Liga, ainda que à condição.
A tranquilidade trabalha-se cedo e o Benfica entrou com essa fisgada. Aos 5’, Arthur Cabral rematou ao poste após cruzamento de Di María, com imensos metros quadrados livres para fazer o que queria. O tempo de salto para o cabeceamento não lhe correu particularmente bem, mas sairia bem 10 minutos depois, após canto filigranicamente chicoteado pelo pé esquerdo de Di María. Mais uma vez, Arthur Cabral estava sozinho. Fool me twice, shame on me terão sentido os defesas gilistas, que não aprenderam, pelos vistos, à primeira.
Entrou bem então o Benfica, oleado e fluído, desta vez com Florentino à frente da defesa, Kokçu e João Mário no banco e Aursnes em terrenos mais avançados, com Bah a voltar à lateral direita. Schmidt a chocalhar um pouco, o que nem é comum. A partir dos 25 minutos, o Gil foi mais maroto, já dissemos que não falta qualidade técnica a Domínguez, Fujimoto e Félix Correia, mas tudo pareceu pouco consequente, sem faca entre os dentes.
Aos 29’, bonito momento, uma homenagem sentida a Miki Fehér, desaparecido há 20 anos (e como é que já passaram vinte anos daquela traumática noite de Guimarães?), o jogo suspendeu-se até um pouco, a ocasião justifica-o, e pouco depois da meia-hora o Benfica fez o segundo, de novo após um canto, desta vez com Otamendi a ganhar e o esférico a ir parar aos pés de João Neves, que naquele seu pequeno centro de gravidade fez o que quis dos adversários, para depois rematar numa espécie de trivela ou bico, que ainda tocou em Murillo antes de entrar para o 2-0. Para efeitos de beleza, o desvio contou pouco.
E então veio a 2.ª parte, o 3-0 de Rafa e o refreio total dos encarnados, que antes dos 50 minutos já tinham tratado da questão, garantindo o 19.º jogo seguido sem perder no campeonato. No final, com a revolução no onze encarnado e as alterações de Vítor Campelos, ainda se vislumbrou um pouco do Gil Vicente que tem mais para mostrar que isto, mas talvez o lance de António Silva aos 83’, a ganhar a bola com facilidade e a ziguezaguear alegremente sobre adversários, seja uma imagem mais acertada do que se passou esta tarde na Luz. Tidjany Touré, aos 85’, fez o único remate perigoso do Gil ao longo de todo o encontro, com Trubin a responder bem, o que não é fácil, depois de ter passado quase 90 minutos como espectador privilegiado do jogo."

1 comentário:

  1. Pura azia lagarta. Faca nos dentes? Porrada até criar bicho com complacência dos árbitros quer esta lagarta dizer! Tem sido assim nos últimos 40 anos. Já é um dado adquirido para estes "jornalistas de merda".
    Como diz o Guachos, põe vaselina que isso passa Lidia!

    Nené

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