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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Meio anjo, meio diabo: o vento do Rio Ave, a brisa de Rafa e o furacão de Conceição


"Pantufas, meus caros, é em casa com uma canequinha de chá, um roupão e os pés embrulhados numa botija de água quente.

O vento de Vila do Conde esteve endiabrado. Tão endiabrado que, de princípio a fim, pareceu sempre estar a favor do Rio Ave: quando esteve a seu favor, esteve mesmo a favor; quando esteve contra, continuou a estar a favor. Acompanhou as equipas, no fundo: mudou de campo ao intervalo. Há depois, como diz o povo, o vento e o casamento que raramente chegam bons de Espanha. O casamento do Sporting e de Adán já conheceu melhores dias. O guarda-redes espanhol teve uma primeira época muito boa, mas daí para cá tem alternado os dias bons com os dias maus e os dias assim-assim. Adán não merece, até pela atitude que sempre teve dentro e fora de campo, que se lhe aponte o dedo, mas é justo que se diga que, de momento, Benfica e FC Porto têm grandíssimos guarda-redes e o Sporting não. O brilhante olheiro que os leões tiveram para descobrir o desconhecido Gyokeres tem pela frente a tarefa de encontrar um número 1 ao nível de Diogo Costa ou Trubin. Que não parece ser Franco Israel porque, se o fosse, já estaria a jogar com bem maior regularidade.
Rafa é um jogador controverso. Porque corre muito e falha muito. Porque abandonou a Seleção Nacional. Porque marcou o golo da sua vida, correndo com a bola de ponta a ponta o relvado da Luz, mas não festejou. Porque fala pouco. Porque não é propriamente simpático para o exterior. Porque rompe defesas como quem rompe manteiga no verão. Porque está em final de contrato e não parece crível que o renove. Mas, sobretudo, porque parece ter atrás de si uma brisa de tal forma forte e certeira que, quando está em dia sim, é capaz de desbloquear jogos. Como agora frente ao Portimonense. Rafa é, de facto, um jogador muito especial. Tão especial que, a caminho dos 31 anos, percebemos que lhe terá faltado um niquinho para ser jogador de top.
Pepe é um furacão. Completa hoje 41 anos e continua a correr, a lutar e a jogar de dragão ao peito como se não houvesse amanhã. Claro que ter 41 não é o mesmo que ter 21 ou mesmo 31. Ter 41 é ter 41. Mesmo para Pepe. O luso-brasileiro bem merecia, pois, ter o corpo examinado por cientistas de todo o mundo. E não é só ter 41. É ter 41 e jogar assim há duas décadas. Outro furacão é Sérgio Conceição. Sobretudo quando perde pontos. Não se sabe exatamente para quem foram as palavras do treinador portista após o empate com o Gil Vicente. A verdade é que, tal como disse SC, não pode haver jogadores que entram para dentro de campo com sapatinhos de balé, prontinhos a fazer um plié, mas sem capacidade de luta. Pantufas, meus caros, é em casa com uma canequinha de chá, um roupão e os pés embrulhados numa botija de água quente. Tipo Pinto da Costa. O discurso do futuro ex-presidente do FC Porto (algum dia o será!), atacando a imprensa de Lisboa, já não é apenas bolorento. É de alguém que sabe que a sua cadeira de sonho pode estar em perigo e que, por isso, vai repetindo chavões atrás de chavões como um disco riscado do final de 1937. Não sei se André Villas-Boas será (se ganhar) um bom presidente do FC Porto, pois a sua experiência para aquele cargo é zero. Porém, entre bolor experiente e inexperiência fresca..."

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