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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Apesar do heroísmo caseiro, Benfica faz o que era suposto fazer na Taça em tarde redentora de Arthur Cabral


"Os visitantes venceram esta tarde, nos Açores, por 4-1, num jogo que demonstrou a qualidade que existe no Campeonato de Portugal. O Lusitânia dos Açores, líder da Série C do quarto escalão, demonstrou qualidade e coragem para competir com os campeões nacionais. Aos 67' minutos, o futebol fez as pazes com Arthur Cabral, um avançado que vivia debaixo de uma nuvem carregada de chuva

Estes jogos de anónimos contra gigantes trazem sempre aquele cheirinho a Campeonato do Mundo. Talvez os de antigamente, é certo, quando havia mistério e fantasia. Descobrir jogadores é como encontrar a fonte da felicidade num lugar que cheira a lavanda, onde a brisa é a brisa adequada. A chuva imensa regava o relvado do João Paulo II, mas também a cumplicidade que sempre existe entre quem é testemunha e os que se prestam ao exercício do heroísmo, ainda por cima na terra certa. E o Lusitânia, com um futebol muito interessante, foi sonhando com beliscar as certezas dos senhores que fardavam de vermelho.
As distâncias começaram a ficar evidentes quando a bola chegava às botas de João Mário. Enquanto os outros se iam debatendo com as fissuras e armadilhas do relvado encharcado, o médio ia correndo, lentamente, como se soubesse os segredos daquele jardim. Com alguma liberdade, combinando à esquerda e depois à direita, João Mário marcou o primeiro golo da tarde, de calcanhar. Foi um belo golo e logo aos nove minutos, o que prometia inaugurar um eventual passeio.
Mas os futebolistas da casa, líderes da Série C do Campeonato de Portugal, não estavam virados para facilidades. E lutaram. Mais importante, jogaram futebol. Rafa Tchê e Gonçalo Cabral, o Cabral mais ativo e feliz em campo durante muito tempo, iam dando nas vistas. O primeiro, mexido, fez um cabrito que deliciou o povo, que já havia sido saciado com uma cueca de António Legatheuax. Celebrar a técnica e o arrojo é a glorificação do futebol amador, das pessoas, que se sentem identificadas com o atrevimento daqueles com quem se cruzam nas ruas da cidade.
O Benfica apresentou-se, tal como Roger Schmidt anunciara, bastante desfalcado, embora tenha contado com João Neves (discreto depois da estreia na seleção), Rafa, Juan Bernat e outras trutas. Faltavam Otamendi, Bah, Neres, di Maria e Kokçu. Casper Tengstedt voltou a ser titular, tal como Arthur Cabral, um jogador que precisava urgentemente de fazer um golo para fugir da nuvem carregada de chuva que tinha em cima da cabeça. Acontece tudo a um avançado quando vive dias difíceis. Ora escorrega à frente da baliza, ora executa alguns movimentos dessintonizados, ora lança-se para a bola como quem vai falhar. O ofício de goleador é dos mais difíceis. Se num período de seca, se dá pouco à equipa, então aí os problemas acumulam-se e o jogador transforma-se em alguém dispensável para o adepto. Pior que isso, uma espécie de inimigo. Mas o futebol recompensaria o destroçado homem que veio de Florença…
O Lusitânia, aparentemente muitíssimo bem treinado por Ricardo Pessoa, tentava entupir o miolo. Os visitantes, aqui e ali bastante desconfortáveis, metiam bolas perto das linhas de cal. Gonçalo Cabral, que passou por Belenenses, Sporting e Sampdoria na formação, testou duas vezes Samuel Soares, o guarda-redes do Benfica que foi apanhado no meio do vendaval Vlachodimos Odysseas-Trubin. E respondeu sempre bem.
O 2-0 chegou por Rafa, depois de uma assistência de Chiquinho. Os homens da casa mantiveram a identidade, continuaram a tentar jogar e foram premiados com um penálti antes do intervalo, depois de uma falta imprudente de Fredrik Aursnes sobre Cabral. A canhota de Enzo Ferrara, um bom rapaz que era tímido e pouco falador quando andava no 1.º Dezembro, decidiu colocar o Benfica numa situação difícil.
A chuva dava à transmissão televisiva uma onda de anos 90. O relvado do João Paulo II ia aguentando estoicamente, como os jogadores que equipavam de verde e branco.
Perto dos 70 minutos, Gonçalo Guedes, sempre generoso e solidário, ganhou uma bola e isolou Arthur Cabral. O futebol teve ali um ou dois segundos para decidir o que fazer com este avançado brasileiro, questionado desde que chegou a Lisboa, pelo preço mas também pelo pouco que produziu até aqui. Ao oitavo jogo enfiado numa camisola vermelha, o futebol decidiu o fado de Arthur no Benfica. A bola estava redondinha naquele hesitante relvado e o número 9, mostrando que é um número 9, tratou de engolir as dúvidas e picar a bola com o pior pé. A bola esteve imenso tempo no ar. Para o jogador, aquele segundo talvez tenha durado alguns segundos. O poste meteu-se no caminho. Mas o futebol decidiu dar ao avançado um beijo na testa e permitir-lhe a alegria. Tlim, golo. O punho socou o ar numa zona abaixo do habitual, talvez porque, embora seja um momento importante, Arthur Cabral não quisesse dar demasiada importância a um golo contra uma equipa do quarto escalão.
A segunda parte dos encarnados transpirou segurança, não houve grandes sustos. Trocaram-se muitos passes. A energia do outro lado foi caindo. Era inevitável. As maravilhas dos de verde também desapareceram. O marcador, a proximidade entre golos, define o nível da condição física, escancarando o lado mental do jogo. As distâncias notam-se à medida que o tempo passa. O heroísmo vive sobre determinadas condições.
Schmidt ainda lançou Petar Musa, Florentino e Tiago Gouveia, o jovem extremo que fez um ano interessante no Estoril na época passada, por Rafa, Chiquinho e Arthur Cabral, que finalmente foi substituído com aquele sentimento especial de missão cumprida que um avançado goleador sente sempre. E Gouveia, numa cavalgada típica, arrancou com a bola no meio-campo, superou um adversário e picou a bola por cima de Diogo Sá. Quanto veneno na aceleração, já muito perto do minuto 90 (4-1). Antes, já Ricardo Pessoa lançara Mada Pereira, Paulo Bessa e Ragner Paula, numa altura em que a baliza de Samuel Soares era uma mera miragem, com exceção para um último suspiro de Rafael Tchê.
O Benfica, que não vence a Taça de Portugal desde 2017, estreou-se com uma vitória no torneio, na terceira eliminatória, e vai mudar agora o chip para a Liga dos Campeões. O Lusitânia dos Açores vai voltar à sua realidade, com o orgulho insuflado, sabendo que tem condições para discutir um lugar na Liga 3."

1 comentário:

  1. EUSÉBIO jogou 64 jogos pela seleção A de Portugal

    RONALDO já jogou mais de 200 jogos pela seleção A de Portugal

    VAMOS FAZER UMA COMPARAÇÃO QUE NUNCA NINGUÉM FEZ:

    Vamos comparar os resultados dos dois jogadores do jogo 1 ao jogo 64. Porque Eusébio parou ao jogo 64.

    EUSÉBIO marcou 41 golos
    CR7 marcou 22 golos
    Ou seja Eusébio marcou quase o dobro de CR7

    Contra Seleções campeãs do Mundo EUSÉBIO marcou contra a:
    França-2
    Brasil-2
    Argentina-1
    Itália- 1
    Inglaterra- 2
    Espanha- 2
    Ou seja 10 golos em 15 jogos contra super seleções

    CR7 jogou 12 jogos contra seleções campeãs do mundo e marcou ZERO golos

    É fácil marcar muitos golos contra as Letónias mas é muito difícil marcar as campeãs do Mundo

    CONCLUSÃO: EUSÉBIO no mesmo número de jogos marcou quase o dobro de CR7 e não jogou contra seleções fáceis como Azerbaijão Kosovo Estónia Letónia Kazaquistao e Finlândia seleções a quem CR7 fez 12 golos dos 22 golos

    Voltaremos com mais dados
    AFINAL QUEM FOI O MAIOR????


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