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quarta-feira, 22 de março de 2023

Até ao último minuto


"No que aparentava ser uma desvantagem irreversível, o Benfica provou que não há impossíveis

'Não é como começa, é como acaba'. A frase é utilizada em dois períodos distintos, quando a equipa atravessa um mau momento, servindo de motivação, ou quando alcança um objetivo, após ter ultrapassado um período difícil. A verdade é que faz acreditar que todas as remontadas são possíveis independentemente do resultado, e também transmite o alerta aos atletas de que o esforço deve ser até ao apito final.
Em junho 1971, o Benfica deslocou-se a Barcelona para defrontar o Voltegrá, para a 2.ª mão da 1.ª eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Os encarnados foram a Espanha após terem vencido por 8-5, em Lisboa. Apesar de avisados, 'ao vermos actuar em Lisboa os espanhóis, tudo levaria a crer que três golos de vantagem seriam escassos', os benfiquistas foram surpreendidos com o ritmo avassalador que o Voltegrá impôs desde inicio. 'Aos 20 minutos, os espanhóis já venciam por 6-0!' A derrocada parecia inevitável.
Habituados a jogar sob enorme pressão e a desafios de elevado grau de dificuldade, 'os briosos jogadores do Benfica, mesmo a perderem por 0-6, não se impressionaram. Acreditaram sempre nas suas possibilidades'. Em sentido oposto, o 'Voltegrá talvez se tivesse deslumbrado (...), julgou, possivelmente, que a reacção dos portugueses já não era possível, mas as contas saíram-lhe erradas'. Perante o resultado, Vítor de  Sousa saltou do banco para rubricar uma excelente exibição. 'Aquele elemento que dá pouco nas vistas, mas que manobra toda a acção da equipa'. Bastaram-lhe poucos minutos para reduzir para 1-6. Ainda antes do intervalo, Jorge Vicente fez o 2-6.
No segundo tempo, os benfiquistas entraram de rompante, chegando a equilibrar o marcador em 5-6, o que lhes garantia o apuramento. Contudo, nos últimos minutos, aconteceu novo desaire, os espanhóis 'conseguiram o resultado que o seu adversário havia alcançado em Lisboa, precisamente 8-5'. Após uma recuperação brilhante, este reverso poderia abalar qualquer conjunto, exceto os encarnados, que se mantiveram confiantes.
Para se encontrar o vencedor, foi necessário disputar-se um prolongamento, no qual não se obteve qualquer golo. Procedeu-se, então, à marcação de grandes penalidades, na qual os benfiquistas se mostraram confiantes, por Ramalhete ser 'um guardião que raramente é batido nos castigos máximos'. Com três brilhantes defesas, o guarda-redes foi decisivo para a vitória por 3-0. No que parecia um resultado sentenciado, os benfiquistas acreditaram e alcançaram um triunfo que parecia inalcançável.
Saiba mais sobre este fantástico conjunto na área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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