"Acrescentarias Algum Nome À Lista?
Os verões benfiquistas são pródigos em novelas de longa duração e actores de grande nível. Exemplo maior Cavani, Götze esta época, como já foram Klinsmann, Wilhelmsson ou Robinho; Aimar ou Saviola foram as excepções, os que vieram realmente parar à Luz e tiveram sucesso.
Ora, tanta apetência para nomes grandes ou craques impolutos afasta muitas vezes o SL Benfica da contenção financeira ou do verdadeira descoberta de pérolas escondidas em escalões inferiores ou clubes de menor nomeada.
Os cinco exemplos que aqui damos são a prova que basta procurar de forma competente para se encontrar talento, que naturalmente abunda no nosso país e noutros de grande tradição futebolística.
1. Nélson Semedo
Referenciado pelo Sporting, contratado pelo Benfica no começo de 2012 para integrar a equipa B, que viria a ser reintroduzida no contexto competitivo português nesse ano.
As avaliações da altura comparavam as suas qualidades ás de Ramires e Nélson repetia-lhe os posicionamentos na chegada ao Seixal – era interior ou ala direito, podendo eventualmente recuar para lateral, que foi onde se acabou por consolidar.
De 2012 a 2015 vão três anos, o tempo que se demorou a estrear pelos AAs do Benfica, pela mão de Rui Vitória que, ao ter perdido Maxi Pereira – nem o chegou a conhecer – viu-se obrigado a optar entre Nélson e André Almeida.
Aquela Supertaça era de cortar à faca, era o reencontro do Benfica com Jorge Jesus, era um Benfica-Sporting para começar a época e Rui Vitória, corajoso, lançou Nelsinho. Cumpriu, começou bem a época até se lesionar – e só em 2016-17 estaria em pleno, pronto para fazer 45 jogos e levar o SL Benfica aos oitavos da Champions.
A velocidade, a técnica, a resistência e a inteligência pela banda não deixaram o FC Barcelona indiferente.
2. Jardel
É vendido David Luiz em Janeiro de 2011, tendo o fracasso na Champions (3º lugar do grupo, quatro derrotas) como motivação para novo reequilíbrio financeiro.
O substituto encontra-se nos Algarves, em Olhão: Jardel era a revelação daquela Liga e tudo apontava que o defesa brasileiro de 24 rumasse a Braga, num passo muito mais calculado que um salto diretamente para um grande.
Chegou, encostou Sidnei definitivamente para fora das contas do treinador e dos dirigentes e aguentou o barco, a maior parte do tempo no relvado (289 jogos) e, numa última fase e muito por culpa da sua própria impetuosidade, fora dele – onde se assumiu como um líder silencioso, um estímulo de disciplina e regularidade para restantes companheiros.
Cinco Campeonatos, duas Taças, duas Supertaças e cinco Taças da Liga, além de participação em duas caminhadas europeias até á final. Nada mau.
3. David Luiz
O SL Benfica começa 2006-07 com Luisão, Anderson, Ricardo Rocha e Alcides como opções para o eixo da defesa. Em Janeiro, Alcides volta à casa-mãe e Ricardo Rocha não resiste aos cantos de sereia da Premier League e de White Hart Lane.
O SL Benfica decide então, num impulso completamente anárquico, suprimir as saídas com a inclusão dum miúdo que andava pela Série… C do Brasileirão. David Luiz era alto e espadaúdo, tinha tudo menos estilo de jogador da bola e só a pender para o lado positivo da avaliação a sua inclusão nos trabalhos da Canarinha em sub20.
Pior: chega em janeiro e estreia-se… no Parque dos Príncipes, frente a um PSG que não era o de agora mas o suficiente para andar pelos Oitavos da Taça UEFA (havia Pauleta, Rothen e Gallardo, calma): o miúdo treme, erra nas primeiras intervenções mas lá se vai endireitando e acaba bem.
O jogo e a época, que faz nove titularidades no campeonato e mais três na Europa. A partir daí voou, ao centro ou à esquerda como gostava Quique Flores – menos Jorge Jesus – e quatro anos depois estava a caminho do Chelsea, a troco de 25 milhões.
4. Pacheco
Veio num pacote do qual nem era o craque. Quem mais se destacava naquele Portimão era um médio de fino recorte chamado Augusto, titularíssimo e quem o SL Benfica realmente queria – Pacheco não passava de alguém promissor, ainda a aparecer, sem real peso na equipa.
Ironicamente, é ele quem se adapta aos ares lisboetas e ao balneário da Luz, Augusto não resistiu á pressão e ao peso da camisola e perdeu-se. Pacheco chegou, aprendeu com Chalana – acabado de chegar da aventura francesa – e foi-lhe bebendo os ensinamentos.
Bebeu tanto que se tornou num ponta esquerda de referência, talvez o último tradicional extremo português, vertical e de entrega sempre sobre a linha de fundo. Foi finalista da Liga dos Campeões, obrigou Futre a jogar do lado direito em 92-93, foi campeão nacional duas vezes e só falhou a terceira pela pior decisão da sua vida: alegar salários em atraso e rumar a Alvalade, erro que já admitiu ser o maior da sua vida.
5. Vítor Paneira
Imaginemos que o Benfica tinha sido finalista da Liga dos Campeões em 2021-22. Imaginemos que uma das contratações este Verão seria um miúdo da Segundona – que, claramente, viria para assentar as malas enquanto descobria o destino de empréstimo.
Agora imaginemos também que esse miúdo teria personalidade suficiente para se impor desde logo e arranjar maneira de se consumar na titularidade à… 3ª jornada. E que se manteria pela Luz por sete anos, acumulando 289 jogos, três campeonatos, uma final europeia, uma Taça de Portugal e momentos inesquecíveis como uma vitória categórica frente a uma Juventus ou aquela tarde em Alvalade que só não figura do jogo – com quatro assistências – porque houve alguém que fez hattrick. Impensável, não é?
Artur Jorge, como cúmulo duma sequência de decisões estapafúrdias, decide dispensá-lo – quando era o mais indicado para a assumir a braçadeira de capitão, vinda de Veloso – e interromper a sua ligação à Águia no peito, na plenitude das suas capacidades (28 anos).
Foi para Guimarães, fez parte de um super Vitória europeu – eliminando o Parma – e é convocado para o Euro96. Rejeitou Sporting e rejeitou FC Porto. Avisou Damásio, em altura oportuna, da catástrofe a ser feita a partir de 1994.
Em 2011, Luisão atirou uma das inúmeras e caricatas larachas para a comunicação social: dizia ser altura de dar oportunidade aos mais novos e que queria sair do Benfica, logo após o desastre 2010-11.
Paneira vem poucos dias depois a público: “Ele tem 30 anos, está há oito no Benfica e quer sair. Eu fui mandado embora com 28 e gostaria de ter ficado mais 10!”. Uma daquelas suas fintas curtas, no estilo irrepreensível (de Veloso) como eternizou Gabriel Alves."
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