"Na última Assembleia Geral da Liga Portugal votou-se vários temas, por certo muito importantes, mas nenhum relacionado com o que deveria ser o alfa e o ómega da atuação da Liga: a valorização do produto "futebol português". Começar pelo produto talvez fosse boa ideia.
Este tema tornou-se ainda mais premente com a imposição da centralização dos direitos televisivos, pretendendo-se mais equidade na distribuição das receitas. Como é evidente, só um incremento muito significativo das receitas totais possibilitará cumprir o pressuposto de que os que mais faturam não serão prejudicados.
Sabendo-se que o mercado interno carece de potencial de crescimento, sobra o externo. E sem quaisquer vínculos emocionais, o que levará alguém a ver jogos do nosso campeonato? A resposta passa pela perceção de qualidade (via Liga dos Campeões e nomes sonantes), pela marca (por exemplo: berço das futuras estrelas) e por jogos atrativos.
Ao contrário do que costuma ser apontado, o futebol português não carece de qualidade e a competitividade é uma não questão.
O ranking europeu de clubes desmonta a primeira (Portugal oscila entre a 6.ª e a 7.ª posições); e está por provar que a segunda seja de facto um problema para as audiências (vide a última década do futebol alemão ou francês).
Mais relevante, nunca alguém no estrangeiro se interessará pelo futebol português enquanto subsistirem as más arbitragens, as simulações, as perdas de tempo ou as arruaças nos relvados. Os dados são esmagadores: 31.ª liga no tempo útil de jogo; terceira com mais faltas assinaladas.
Sobretudo não terá qualquer interesse quando nem sequer os portugueses parecem tê-lo pelos jogos em Portugal. As bancadas despidas são simultaneamente sintoma e causa do desinteresse. Em 2021/22 só seis clubes tiveram uma média de espetadores por jogo superior a cinco mil. E antes que a pandemia seja referida, atente-se, por exemplo, a 2014/15: apenas seis clubes também.
E a Liga lá vai discutindo outros temas, por certo muito importantes."
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