"As pausas para jogos de selecções entaladas a meio das competições clubísticas são um dos aspectos mais anacrónicos da calendarização do futebol moderno. Além dos elevados custos para os clubes, significam um anticlimax na paixão dos adeptos, coisa que a FIFA ainda não percebeu, ou não quer perceber.
Até agora tratava-se apenas de interromper as provas. Embora as viagens e toda a alteração de metodologias e horários já de si condicionassem fortemente o rendimento posterior dos atletas (sem falar em eventuais lesões), não me recordo de termos estado perante uma sobreposição absoluta de datas e, logo, uma indisponibilidade factual de jogadores para compromissos oficiais dos seus clubes.
O Benfica tem na Taça da Liga um dos principais objectivos para que resta de temporada. É obrigado a disputá-la sem dois dos seus elementos mais influentes (Otamendi e Darwin), chamados para jogos da fase de qualificação sul-americana para o Mundial. Se o Uruguai está na luta pelo apuramento, a Argentina nem sequer precisa de pontos.
Nenhum desses jogos interessa patavina ao Benfica ou aos benfiquistas. Todavia, foi o Benfica que investiu nos jogadores, é o Benfica que lhe paga os salários, e assume os riscos de lesão inerentes a qualquer atleta em competição. No momento em que disputa um troféu, fica sem eles e nada pode fazer para impedir que partam.
O futebol de selecções já tem cada vez menos qualidade e interesse, e pouco a pouco vai dissolvendo a sua própria história em partidas insípidas, lentas e arrastadas. Com estas obtusas calendarizações torna-se também profundamente antipático."
Luís Fialho, in O Benfica
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