"No jogo em que o Benfica orquestrou uma remontada fantástica, o público, ao contrário do árbitro, ficou até ao final.
A cada início de época, os adeptos são tomados pelos mesmos sentimentos: o entusiasmo por voltar a ver a sua equipa e a expectativa dos feitos que ela poderá realizar. Assim, a 25 de Setembro de 1932, no Campo Grande, o público compareceu em massa para assistir ao jogo entre o Benfica e o Belenenses, a contar para a Taça Preparação. Esta competição era o chamariz perfeito, por se tratar da primeira prova oficial a ser disputada e juntar os quatro primeiros classificados do Campeonato de Lisboa da última temporada.
Apesar dos 'encarnados' terem entrado bem na partida, foi o Belenenses que dominou a primeira parte, indo para o intervalo com o marcador em 3-0 a seu favor. Contudo, nem o mais fantasioso dos espectadores conseguiria imaginar tudo o que ainda viria a acontecer. O Benfica foi mais assertivo na segunda parte e apenas precisou de pouco mais de 30 minutos para empatar o encontro. A crença na vitória crescia, porém os adeptos benfiquistas 'receberam, a seguir ao 3-3, um balde de águia fria, com a marcação do quarto «goal» dos seus adversários'. Ainda assim, quem tinha presenciado a magnífica recuperação não esmoreceu nem arredou pé por esta nova contrariedade. E, a um minuto do fim, foram brindados com novo empate, por intermédio de Rogério de Sousa, que fixou o resultado final do tempo regulamentar.
Por ser um jogo a eliminar, as equipas e o público preparavam-se para o prolongamento. Preparava-se toda a gente, excepto o árbitro da partida. 'Os organizadores esqueceram-se de «esclarecer» o Colégio de Árbitros' e o como tal o 'sr. Américo Lopes deu o encontro como terminado'. Os dirigentes dos dois clubes por algumas dezenas de minutos, ainda tentaram demovê-lo, mas sem sucesso. Recorreram então a Jorge Vieira, jogador de futebol que assistia à partida.
Começava a jogar-se o prolongamento. A assistência permaneceu. 'Não via a bola a partir de certa altura, mas ouvia. Bastava-lhe isso. (...) Aqui e alo começaram a aparecer archotes, improvisados com jornais que se amarrotavam para o efeito'. As equipas correspondiam com golos, primeiro o Benfica e depois o Belenenses, um cada. A dois minutos do final, Manuel Oliveira fez o golo da vitória 'encarnada' e fixou o resultado em 6-5.
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António Pinto, in O Benfica
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