"Sou cada vez mais defensor do modelo inglês: arbitragem e disciplina fora da Liga e Federação. Veja-se o caso da arbitragem: em 2001 foi criada a PGMO (Professional Games Match Officials Board). Um organismo que reúne 109 árbitros profissionais e 206 assistentes e que responde directamente ao governo. Deste lote, 18 formam o Grupo de Selecção: a nata da nata sem limite de idade - 2 têm mais de 50 anos, 11 com mais de 45 e apenas dois têm menos de 35 - avaliados por uma equipa de ex-árbitros (presidida por Mike Riley), de antigos jogadores e treinadores e com o apoio de um programa informático. As classificações são feitas internamente, sem pressões ou gritarias, e se for necessário que o melhor (Martin Atkinson, por exemplo) apite todos os derbies, fá-lo. Os bons para os grandes jogos. Isto não faz dos juízes ingleses os melhores da Europa, mas faz deles provavelmente os mais credíveis. Porque funcionam como uma bolsa de árbitros ao estilo da NBA: são autónomos.
Comparemos agora com Portugal: um grupo de árbitros em que mais de metade tem menos de 35 anos (está provado que aos 40 é quando eles atingem o auge da carreira), com limite de idade até aos 48, uma série de condicionalismos (só podem apitar três vezes um clube numa volta, só podem apitar um clube se tiverem passadas três jornadas desde o último jogo desse emblema) e permanentemente com a espada de Dâmocles sobre a cabeça consoante os ventos ou as cores dominantes. Culpa dos clubes, que aprovaram os regulamentos.
O que seria preciso mudar? Lei de Bases e regime jurídico da Federação. Empreitada dura. Mas estejamos descansados: confrontado com as 44 agressões a árbitros, o secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, disse há três dias: «Temos de pôr em perspectiva: foram 44 em centro e tal mil jogos».
Fernando Urbano, in A Bola
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