"Ninguém, sendo bom profissional, gosta de ser substituído. Há profissões, porém, onde a substituição é não só natural, como recorrente. Refiro-me ao futebol, onde, durante os 90m., trocar ed jogadores faz parte da normalidade. Seja por lesões, seja para melhorar a eficiência, para alterar a disposição táctica, para evitar punições, para fazer descansar um atleta, seja até para premiar com aplausos uma exibição... Ainda me recordo do tempo em que tal não fazia parte das regras e logo me vem à memória a derrota do Benfica na final dos campeões Europeus contra o Inter (no seu estádio) e com o defesa Germano na baliza em vez do lesionado Costa Pereira.
Agora está na moda haver amuos, atritos, gestos irreflectidos, deselegâncias nos cumprimentos, garrafas de água atiradas ao chão, por um jogador sair por ordem de quem manda. As câmaras televisivas são, neste aspecto, juízes implacáveis de detalhes, que passam despercebidos aos olhos de quase toda a gente.
Ora, vem todo este arrazoado, a propósito do agastamento com que Cristiano Ronaldo, em Las Palmas, reagiu à substituição ordenada por Zidane aos 72m. Foi de tal modo, que o chefe teve de justificar que substituiu o craque português para o poupar para a Liga dos Campeões.
Percebo que Ronaldo, notável profissional e que nunca vira a cara à luta, se tivesse sentido incomodado com uma decisão a que não está habituado. Só lamento que o estatuto que tão brilhantemente alcançou não lhe dê a serenidade para se conter perante a decisão e a elegância de não desconsiderar quem o foi substituir. Como em tudo na vida, ninguém é insubstituível. Basta visitar um cemitério."
Bagão Félix, in A Bola
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