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terça-feira, 27 de setembro de 2016

"Atletas do espírito"

"A estreia do orfeão e a prova que desporto e cultura não são termos incompatíveis.

Todos os benfiquistas rumaram ao Coliseu dos Recreios no dia 26 de Junho de 1957. A grande sala de espectáculos da capital recebia a festa de consagração dos atletas do Benfica que, na época 1956/57, conquistaram títulos. A organização do evento coube à Secção Cultural do Clube, que preparou um programa com uma forte componente artística, promovendo 'à união palpável (...) entre os primores da educação física e os da valorização cultural'.
A Orquestra Típica Escalabitana, que interpretou meia dúzia de números do seu reportório, foi responsável pela primeira actuação da noite, a que se seguiu um grupo de dezasseis rapazes e raparigas da Classe de Bailados Regionais da Secção de Ginástica do Benfica. Para o fim, reservaram o 'principal atractivo do espectáculo': a actuação do Orfeão.
Era a estreia do grupo coral do Benfica. A expectativa era grande. Desde a notícia da sua criação, muita curiosidade de levantou em torno do orfeão. De um clube desportivo esperam-se mais facilmente iniciativas relacionadas com os atletas do corpo que com os 'atletas do espírito'. Mas, como se podia ler n'O Benfica, 'entre o desporto e a cultura artística não há, nem pode haver antagonismo'.
O conjunto de 116 vozes (84 masculinos e 32 femininas), 'de timbres e maviosidades diferentes' que 'o «maestro» conseguiu burilar', conquistou o público no primeiro minuto. Sob o comando da batuta do maestro Casimiro Silva e primorosamente trajados - 'as senhoras elegantemente vestidas de branco e no peito uma flor vermelha; os homens de «smoking»', como se vê na fotografia - os orfeonistas brindaram todos os presentes com um 'espectáculo extraordinariamente encantador'.
Mas, como o melhor fica sempre para o fim, para terminar a sua actuação o orfeão maravilhou a assistência com a interpretação do Hino do Sport Lisboa e Benfica, da autoria de Félix Bermudes e Alves Coelho. 'Ninguém esperava tanto! Cada número punha a assistência, de pé, rendida, emocionada, delirante'. 'Foi o epílogo triunfal'!
Esta e outras fotografias da autoria de Roland Oliveira podem ser vistas na exposição com o seu nome, até 15 de Outubro na Rua do Jardim do Regedor, em Lisboa."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

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