"Quis o destino que Mário Moniz Pereira nos deixasse fisicamente nas vésperas dos Jogos Olímpicos que, pela primeira vez, são em terras de língua portuguesa.
Já tudo foi dito e escrito sobre a excelência deste ilustre português, na sua vida de atleta, técnico, dirigente, professor e autor. Nunca tive o privilégio de com ele conviver, mas sempre procurei saborear o que de bom e enriquecedor nos foi legando. Era estimulante ouvi-lo e perceber a sageza e beleza da vida que nos transmitia, sempre nos convidando a casar ética e estética.
Moniz Pereira foi, como poucos, um português profundamente amigo de Portugal. Sempre o vi com esse inabalável orgulho de pertença ao nosso país. Era um líder natural, quer dizer, a sua autoridade advinha da exemplaridade, da sabedoria e da congregação. Fernando Mamede, um atleta invulgar, deu-nos, nos seus depoimentos dolorosos e profundamente sentidos, um retrato humanista de Moniz Pereira: «perdi um pai».
Foi certamente um dos mais lidimos seguidores da ideia construtivista da esperança. Como dizia o filósofo Jean Guitton «a esperança é a predisposição do espírito que leva a acreditar na realização do que se deseja». Uma esperança com abnegação, trabalho, verdade, respeito e autenticidade. Uma esperança que juntava a formação de atleta com o desenvolvimento da pessoa. Uma esperança construída, não na utopia inconsciente e na efémera puerilidade, mas na ponte entre a razão, a consciência, a vontade e a aspiração.
Num país invadido pelo cepticismo, solipsismo e resignação bloqueadora, a vida e o exemplo de Moniz Pereira são para frutificar e jamais esquecer."
Bagão Félix, in A Bola
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