"A regra de, em caso de empate numa eliminatória, os golos marcados em terreno alheio valerem a dobrar parece-me cada vez mais obsoleta e até contraproducente.
Reconheço que, ao longo dos seus 40 anos de vigência. cumpriu o seu objectivo até determinada altura, sobretudo no tempo em que jogar fora era, a priori, uma desvantagem logística, psicológica e contextual que tolhia e inibia as equipas de uma maneira evidente. Este critério do desempate veio até a proporcionar jogos mais equilibrados e com equipas visitantes mais afoitas na busca do desejado golo. Mas também é verdade a outra face: as equipas caseiras passaram a ter mil cuidados para não sofrer um traiçoeiro golo do adversário. Daí a abundância dos 0-0 ou 1-0.
Diz-se que o golo é o sal do futebol. Mas também é o açúcar ou a pimenta, conforme os gostos. Por isso, sejam quais forem as tácticas e filosofias do futebol, sempre é melhor um 4-3 do que 1-0. Um 2-2 do que um 0-0. São resultado semelhantes, mas 7 golos é melhor do que 1, e 4 bem melhor do que 0.
É confrangedor ver um jogo de uma primeira mão com o resultado dito como satisfatório de 0-0 (satisfatório para quem jogou em casa porque não sofreu golos e satisfatório para quem jogou fora porque não perdeu...). Vi num relatório da UEFA que, na Champions de 2012, houve 21 eliminatórias decididas pela regra dos golos fora! Hoje as condições são diferentes: as viagens mais rápidas e cómodas, relvados similares, jogadores menos condicionados pelo ambiente, maior profissionalização, etc. Em meu entender já não se justifica esta regra (e muito menos em competições domésticas)."
Bagão Félix, in A Bola
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