"Cristiano Ronaldo tem, ainda antes de completar 30 anos de idade, uma imponente estátua de bronze no Funchal, sua cidade natal. Muito se tem escrito sobre o tamanho, o material, o financiamento, a maior ou menos parecença com o homenageado. Em particular, por cá e sobremaneira nalguns media estrangeiros, disserta-se sobre derivados falicamente muito generosos que, no contexto da hoje impositiva globalização pansexual, muito irá contribuir para o falatório, o anedotário e a profusão de selfies certificadoras da protuberância a três dimensões.
Lembro-me de um frase de Carlos Drumond Andrade que li algures: «A estátua não faz reviver o grande homem, porém serve de ponto de referência para transeuntes». Neste caso, porém, Cristiano Ronaldo está bem vivo e activo. Já quanto à referência aos transeuntes está garantido o sucesso.
Mas não é tanto desses aspectos que agora escrevo. Refiro-me, antes, à oportunidade desta estátua no tempo. Claro que o nosso grande jogador - que orgulha Portugal - merece todos os encómios e galardões. Tem (e terá, por certo, ainda mais) troféus, bolas e botas de ouro, ordens honoríficas, acervos museológicos, esculturas de cera, biografias e muito mais. Mas, na minha opinião talvez a enorme estátua venha antes do tempo certo. A norma (que embora o sendo, também é passível de excepções) na estatuária e na toponímia é que a eternização de um vulto a celebrar se faz após a sua morte. E mesmo em vida, haverá melhores momentos para exaltar uma notável carreira que ainda está bem longe (esperamos) do fim. Por exemplo, depois de terminada a sua carreira de futebolista."
Bagão Félix, in A Bola
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