"Hoje deixo o desporto em regime de pousio.
Hoje falo do tempo de notícias sobre o tempo.
Acordei com um aviso laranja em alguns distritos por causa da chuva e da trovoada. Aliás, são mais frequentes os dias sob a ameaça de um qualquer alerta de cores meteorológicas. É a versão tecnocrática do que, antes, se chamava, tão sábia e simplesmente, Inverno e Verão.
Chove durante umas horas seguidas e aí está um alerta com garantia de abrir um telejornal. Há umas rajadas de vento, cai um aguaceiro forte, as temperaturas descem uns 'insuportáveis' 10.º graus positivos ou sobem aos 30.º graus e logo se acendem as luzes de um metrológico semáforo. Técnicos são entrevistados como se o apocalipse estivesse iminente!
Tratam-se estes assuntos nos media com tal ridículo dramatismo que não faltam os avisos de que temos que usar agasalhos para o frio, guarda-chuva para a chuva, beber água para o calor, etc... não vá o povo esquecer tão sábios conselhos.
Recordo-me de um noticiário televisivo ter aberto com uma reportagem (em directo, imagine-se!) sobre uns pingos de chuva que, em Agosto, caíam numa praia do Algarve! Onde é que está a novidade, a diferença, a notícia, o alarme? A banalização dos alertas acaba por estiolar o sentimento de prevenção individual e colectiva face a situações graves que, infelizmente, acontecem. Lamentavelmente, ainda há semanas houve uma forte chuvada em Lisboa, com estragos materiais, e o que se ouviu foi um passa-culpas entre serviços de meteorologia e serviços camarários. Uma questão de cor dos cartões (perdão, alertas), tal qual no futebol se discute o alaranjado entre o amarelo e o vermelho."
Bagão Féllix, in A Bola
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