"Benfica começou bem e terminou melhor.
Com o título fresco na bagagem, os encarnados cumpriram o seu primeiro teste nessa qualidade de campeões e fizeram-no com acerto e determinação. Uma vitória sempre importante sobre a poderosa Juventus (2-1), à custa de uma entrada fulgurante e de uma saída também ela heróica. Pelo meio, ficou uma vez mais provado que a formação italiana é concorrente de respeito.
Já de si virado para uma atitude mais ofensiva, o Benfica mais se galvanizou com o golo madrugador de Garay (2'), na sequência de um canto, chegando nesse período inicial a confundir o adversário. Sulejmani e Siqueira, na esquerda, e Markovic, no outro flanco, carrilaram muito jogo atacante e a reacção da Juve, que não contava com tamanho atrevimento, demorou a surgir.
Mesmo sem Fejsa nem Gaitán - já para não falar de Sílvio e Salvio - tinham sido 20/25 minutos de intensidade encarnada. Contudo, o quinteto do meio-campo italiano, bem comandado por Pirlo, passou então a controlar e a subir mais no terreno, com Pogba, sobretudo este, e Asamoah nos flancos e com o apoio mais no meio de Lichsteiner e Marchisio.
Então sim, a Juve deu um ar da sua graça nas acções ofensivas - até aí de fraca monta - através da acção de Vucinic e, em especial, de Tevez, este a assinar um lance de muito perigo anulado in extremis por Artur, numa das raras vezes em que, na primeira metade, o guardião da Luz seria chamado a intervir. Algo que conheceria radical mudança na parte complementar.
De facto, no 2º tempo, os italianos carregaram ainda mais e o Benfica viu-se obrigado a recuar, sentindo cada vez mais dificuldades em anular o opositor. A falência de André Almeida, no meio, trouxe problemas para o seu parceiro de sector, Enzo, e, afinal,para todo o conjunto. À retaguarda, os laterais tentaram compensar, vendo-se então Maxi a flectir com mais frequência para o eixo, desguarnecendo o flanco.
Foi por aí que a Juve apostou no ataque, depois de o ter feito preferencialmente pela direita, na 1ª parte. À segunda vez, o espaço concedido por Maxi naquele corredor permitiu a Asamoah fazer a assistência para Tevez. O argentino, ao seu jeito, ludibriou Luisão e empatou o jogo (73'). Parecia tudo consumado, ainda por cima frente à Juve, cuja retaguarda não tem por hábito facilitar.
Nessa altura, já André Almeida, feito trinco, tinha rendido Sulejmani, reforçando o bloco defensivo, enquanto Lima substituíra Cardozo, na frente. O empate fez soar o alarme e Jesus foi lesto a agir de novo, não tendo dúvidas em apostar ainda mais no ataque. Tirou então André Gomes, que tinha sido desviado para a direita, para fazer entrar Ivan Cavaleiro, que, por seu turno, trocou de flanco com Markovic.
Assim rearrumada, a equipa encarnada ganhou nova alma e voltou a pegar no jogo, enquanto a Juve terá subestimado o adversário. Da conjugação destas duas atitudes nasceu o segundo golo do Benfica, numa assistência de Cavaleiro para o tiro de Lima que fuzilou Buffon. Estava feito o resultado da partida, embora algumas falhas de parte a parte ilustrassem ainda a parte final do ajuste.
Foi um triunfo que o Benfica fez por merecer. Quer na forma como abordou o jogo, quer na maneira como o concluiu, não se deixando abater com o golo da igualdade. Esta capacidade de os encarnados se reerguerem perante a fatalidade que se anunciava, e logo frente a um opositor de peso como a Juve, foi o aspecto que mais marcou a sua actuação.
Um resultado escasso, que, naturalmente, não dá grandes garantias para o encontro da 2ª mão. Tivesse o juiz turco Cakir assinalado uma clara grande penalidade, por falta de Cáceres sobre Enzo, e a tranquilidade seria maior. Mas não se pode ter tudo. Para lá da vantagem de um golo, assim possa o Benfica ter também, em Turim, Fejsa e Gaitán, ou mesmo Salvio. Já era uma boa ajuda."
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