"Há mais de um ano, aqui escrevi sobre os insondáveis mistérios do tão depressa oficializado Acordo Ortográfico (AO). Volto a ele, porque umas poucas semanas atrás, o título de A BOLA sobre um jogo que o Benfica ganhou para a Liga rezava assim: «Ninguém para o Benfica...».
Confesso que fiquei assustado num primeiro instante. Ninguém para o Benfica? Deixou o meu clube de ser atractivo? Já não consegue seduzir nenhum bom jogador? Está o clube falido? Será que em vez de Benfica a referência era para um outro qualquer clube?
Nos momentos seguintes, lembrei-me do acordês e acordei do pesadelo. Afinal o que o título queria dizer era «Ninguém pára o Benfica». Como um singelo acento agudo tudo modifica! O que pôde um dito (des)acordo ortográfico suscitar no meu espírito!
Pensei até na eventualidade de ser um problema meu de natureza ótica, como se escreve no dito AO a palavra óptica. Acontece que, assim sendo, ótica (dos olhos) se escreve do mesmo modo que ótico (dos ouvidos), pelo que está lançada a confusão entre ser míope e bronco dos ouvidos.
Há quem nos media seja ainda mais acordista do que o próprio acordo. Isto é, não se limitam a segui-lo no que se pretende uniformizar na grafia, mas ultrapassam-no com excesso de zelo. Não raro, deparo agora com fato em vez de facto, como se em linguagem oral tivéssemos engolido o c entre fa e to. Assim, fato passa a representar o facto em Portugal substituído pelo terno no Brasil.
Ninguém para o Benfica de fato. Traduzindo: ninguém pára o Benfica, de facto.
Uma tristeza este acordês que, aliás, a presidente brasileira e suspendeu e Angola não assinou..."
Bagão Félix, in A Bola
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