"O Azeiteiro da Cabeça d'Unto é como o Fado do Bairro Alto: quis um dia dar nas vistas. Infelizmente para ele e para todos nós que gostamos de Futebol, quis um dia e esse querer prolongou-se pelos dias todos até hoje e, muito provavelmente, até final da sua existência e da nossa.
É assim a vaidade: não costuma ter limites.
Meia dúzia de pingos de chuva fazem com que postergue para as calendas gregas um jogo que deveria ter sido disputado em datas previamente definidas mas que, à revelia das regras e das leis, foi jogado quando o Futebol Clube do Sistema bem entendeu.
O Azeite abençoou a pouca vergonha. Há coisas que ele não tem e essa é uma delas.
Depois, lá surgiu, ao seu jeito espalhafatoso a brandir cartões vermelhos como o Santo Condestável brandia a espada na Batalha de Aljubarrota.
Mais uma vez, deu (e bem!) nas vistas. Volta e meia haverá quem lhe aconselhe recato. Que o queira em sossego, de forma até a utilizá-lo em proveito daqueles que todos sabemos nos momentos certos que todos conhecemos.
Mas ele não se aguenta: sai por aí com os trovadores e mais o fado para fazer suas conquistas.
Recentemente amuou. Fez finca pé e não foi do seu agrado tocar a guitarra e o apito no palco que o chefe lhe indicou.
De cócoras, como sempre, o chefe quedou-se mudo, também ele.
O Azeiteiro da Cabeça d'Unto faz o que quer e que lhe apetece. E, se não compareceu ao concerto, é porque tem alguma carta na manga, decerto um ás.
Quando diz que não quer um palco é porque já está a pensar noutro para a semana seguinte, nem que para isso seja preciso meter férias.
Por isso preparem -se: ele não tardará em dar nas vistas outra vez!
Silêncio velha Lisboa, vai cantar o Bairro Alto.
P.S.- Parece-me perfeitamente compreensível que o Canal do Porto anuncie serviços de acompanhantes. Depois a D. Manuela trata das facturas..."
Afonso de Melo, in O Benfica
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