"O desporto, ainda que com atraso, sente as dificuldades por que passa o país (e não só). O futebol é, naturalmente, o seu epicentro mais visível. Viver acima das possibilidades é, agora, uma forma directa e fatal de destruir o futuro. O crédito bancário aperta, as condições de financiamento são mais dispendiosas, os salários são incompatíveis com as receitas correntes, as estruturas técnicas e administrativas estão inflacionadas, o recebimento de transferências perde-se no tempo no tempo, as receitas de publicidade diminuem. Claro que a expressão dessas dificuldades varia consoante a dimensão do clube e a 'arte' de adiar o inadiável.
Escrevi nesta coluna, há um ano que os clubes sobrevivem como os Estados: acumulando dívida ou antecipando proveitos futuros. Repercutem para a frente os gastos de hoje. Com uma diferença: não podem cobrar... impostos!
Neste contexto, foi de todo incompreensível a proibição de cedências de jogadores a clubes da mesma Liga. À boa maneira portuguesa, passa-se da magnitude do exagero ao absolutismo da interdição, como se não houvesse uma medida de equilíbrio entre os extremos. Sabendo-se que, se tal assim ficar, nascerão formas de engenharia laboral para atingir os mesmos fins.
Um dano colateral da crise no futebol é também a degradação competitiva das modalidades. Isto apesar de um só ordenado no futebol de alguns clubes poder pagar uma dessas modalidades. Não foi, por isso, com agrado que li que o FC Porto iria deixar de competir no basquetebol. O ecletismo de um clube é, na minha opinião, um dos baluartes que, só em situação de desespero, deve ser questionado."
Bagão Félix, in A Bola
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