"O futebol português é uma pantomina. Alguns clubes, dirigidos por chicos espertos que gostam de pescar em águas turvas, decidem um voto de censura à Federação por esta não pactuar com ilegalidades nem com trapaças; alguns treinadores sem emprego, através da respectiva Associação, apoiam aqueles mesmos clubes para assim alargarem as hipóteses de encontrar trabalho; oitenta por cento das 32 equipas profissionais, de acordo com o Sindicato, têm meses de salários em atraso e os jogadores de algumas delas têm vindo a fazer greve aos treinos e ameaçam estendê-la aos próprios jogos; a Federação deixou de divulgar as nomeações dos árbitros, alegadamente para evitar que o clima de suspeição em que se vive não se agrave ainda mais; Portugal é o país com maior percentagem de estrangeiros no campeonato principal... Em suma, o sudário poderia continuar indefinidamente.
Duas sugestões. Quanto à arbitragem, porque não seguir o exemplo alemão, onde os árbitros são designados por três ex-árbitros, um em representação da Federação, outro da Liga e um terceiro super partes? Onde o relatório do árbitro, por questão de transparência, é publicado na net 20 minutos depois do jogo ter terminado e onde se explicam os motivos dos cartões, das expulsões, dos nomes dos autores dos golos e dos minutos em que ocorreram; e onde o árbitro pode, se quiser, ir à sala de imprensa prestar esclarecimentos. Quanto ao alarido dos clubes, é fácil silenciá-lo: basta aplicar na hora da inscrição, com procedimentos cristalinos, aquilo que os regulamentos prescrevem e que, até agora, tem sido letra morta. Ou seja, quem não apresentar garantias fiáveis para suportar as despesas orçamentadas fica excluído. Nem 16 passariam no enxame..."
Manuel Martins de Sá, in A Bola
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