"Decorridas cinco jornadas, aí temos o primeiro grande 'Clássico' do futebol português. FC Porto e Benfica, igualados no topo da tabela classificativa, defrontam-se esta noite no Estádio do Dragão, para uma partida que, não sendo propriamente decisiva, pode no entanto servir de preciosa alavanca a quem a vencer. Três pontos a mais para um, três pontos a menos para outro, e assim teremos um jogo que, objectivamente vale seis pontos.
As visitas ao Porto não têm sido fáceis para o nosso Clube. Quer pela violência organizada que nos tem atingindo fora do campo (com particular ênfase nas duas últimas temporadas), quer pelos resultados que se têm verificado dentro dele, este é um jogo que, nas últimas décadas, raramente nos correu de feição. Em 35 anos, só de lá conseguimos trazer duas vitórias em jogos do Campeonato - curiosamente ambas por 0-2, e ambas com um só jogador a marcar os dois golos, primeiro César Brito, em 1991, depois Nuno Gomes, em 2005 -, e ainda na última temporada de lá saímos vergados ao peso de uma goleada dolorosamente histórica.
Épocas houve (particularmente nos finais dos século passado) em que não tínhamos uma equipa à altura de nos batermos contra a fúria competitiva com que o FC Porto nos recebia e nos enfrentava. Noutras ocasiões, ter-nos-á faltado a sorte que sempre acompanha os vencedores. Mas, infelizmente, na maioria dos casos, houve também factores externos a condicionar os resultados, pelo que as razões de tão negro registo estatístico estão muito para além da pureza genuína do futebol jogado em campo.
Clássicos polémicos
Constitui já uma triste tradição sermos prejudicados pelas arbitragens no Estádio das Antas, primeiro, e no Estádio do Dragão, depois. Em 35 anos, é fácil lembrarmo-nos de mais de uma dezena de Clássicos em que a influência dos senhores do apito determinou o rumo dos acontecimentos - fosse com penáltis mal assinalados a favorecer a equipa nortenha, fosse com penalidades escamoteadas à nossa equipa, fosse com golos mal anulados, fosse com expulsões injustificadas de jogadores do Benfica.
O penálti assinalado por Pedro Proença em 2009, perante simulação mal ensaiada de Lisandro Lopez em lance com Yebda, foi apenas a última das muitas situações de gritante prejuízo a que fomos sujeitos em deslocações ao Porto. Esta página não daria certamente para descrever, lance por lance, toda a mentira que quase sempre acompanhou estes Clássicos (e, por consequência, os respectivos campeonatos), sendo que alguns desses lances, pela extrema desfaçatez com que foram ajuizados, dificilmente poderiam sair dos portões da nossa memória. Os golos anulados a Amaral (com expulsão escandalosamente perdoada a Vítor Baía no mesmo lance), em 1994, e a Kandaurov, em 1998, bem como um penálti fantasma assinalado a Mozer em 1993 (pelo sinistro Carlos Calheiros), são alguns deles. Mas talvez o número que melhor defina aquilo de que estamos a falar seja o dos incríveis 30 (!!!) cartões vermelhos exibidos a jogadores do Benfica em Clássicos com o FC Porto nos últimos 23 anos, muitos deles totalmente abusivos, e reveladores de uma parcialidade sem limites.
Desconfianças
Desconfio, porém, que não resida exclusivamente na arbitragem a adulteração de todo este obscuro balanço. Particularmente nos jogos contra o Benfica - em que o ódio, a extrema hostilidade, e os recalcados complexos em relação ao peso social e histórico do nosso Clube, têm também entrado em campo -, não tenho a certeza que o grau de superação física demonstrado habitualmente pelas equipas do FC Porto se deva exclusivamente ao treino, ou à simples, e legítima, vontade de vencer. De quem nos habituou a fazer-se valer de todos os meios para atingir os objectivos, de quem nos habituamos a ver atropelar reiteradamente a verdade e o desportivismo, devemos esperar tudo, independentemente de limites éticos ou legais, que nunca se lhes colocaram no horizonte. É uma pena que a regulamentação existente não permita dissipar cabalmente este tipo de desconfianças, mas, enquanto assim for, ninguém nos pode impedir de as sentir, nem de as manifestar.
Independentemente de tudo isto, e contando com tudo isto, os nossos jogadores não vão seguramente deixar-se atemorizar. As nossas armas são o talento, a organização, a concentração, o trabalho e a entrega total ao jogo. Temos grande jogadores, temos um grande treinador, e, contra adversários, árbitros, ambiente e sabe-se lá mais o quê, podemos vencer, como de resto fizemos na última deslocação ao Dragão - então para a Taça de Portugal, em eliminatória depois ingloriamente desperdiçada em nossa casa.
Sabemos que temos mais do que uma simples equipa de futebol pela frente. Mas é justamente esse o desafio que nos pode estimular a ser superiores e a vencer."
Luís Fialho, in O Benfica
As visitas ao Porto não têm sido fáceis para o nosso Clube. Quer pela violência organizada que nos tem atingindo fora do campo (com particular ênfase nas duas últimas temporadas), quer pelos resultados que se têm verificado dentro dele, este é um jogo que, nas últimas décadas, raramente nos correu de feição. Em 35 anos, só de lá conseguimos trazer duas vitórias em jogos do Campeonato - curiosamente ambas por 0-2, e ambas com um só jogador a marcar os dois golos, primeiro César Brito, em 1991, depois Nuno Gomes, em 2005 -, e ainda na última temporada de lá saímos vergados ao peso de uma goleada dolorosamente histórica.
Épocas houve (particularmente nos finais dos século passado) em que não tínhamos uma equipa à altura de nos batermos contra a fúria competitiva com que o FC Porto nos recebia e nos enfrentava. Noutras ocasiões, ter-nos-á faltado a sorte que sempre acompanha os vencedores. Mas, infelizmente, na maioria dos casos, houve também factores externos a condicionar os resultados, pelo que as razões de tão negro registo estatístico estão muito para além da pureza genuína do futebol jogado em campo.
Clássicos polémicos
Constitui já uma triste tradição sermos prejudicados pelas arbitragens no Estádio das Antas, primeiro, e no Estádio do Dragão, depois. Em 35 anos, é fácil lembrarmo-nos de mais de uma dezena de Clássicos em que a influência dos senhores do apito determinou o rumo dos acontecimentos - fosse com penáltis mal assinalados a favorecer a equipa nortenha, fosse com penalidades escamoteadas à nossa equipa, fosse com golos mal anulados, fosse com expulsões injustificadas de jogadores do Benfica.
O penálti assinalado por Pedro Proença em 2009, perante simulação mal ensaiada de Lisandro Lopez em lance com Yebda, foi apenas a última das muitas situações de gritante prejuízo a que fomos sujeitos em deslocações ao Porto. Esta página não daria certamente para descrever, lance por lance, toda a mentira que quase sempre acompanhou estes Clássicos (e, por consequência, os respectivos campeonatos), sendo que alguns desses lances, pela extrema desfaçatez com que foram ajuizados, dificilmente poderiam sair dos portões da nossa memória. Os golos anulados a Amaral (com expulsão escandalosamente perdoada a Vítor Baía no mesmo lance), em 1994, e a Kandaurov, em 1998, bem como um penálti fantasma assinalado a Mozer em 1993 (pelo sinistro Carlos Calheiros), são alguns deles. Mas talvez o número que melhor defina aquilo de que estamos a falar seja o dos incríveis 30 (!!!) cartões vermelhos exibidos a jogadores do Benfica em Clássicos com o FC Porto nos últimos 23 anos, muitos deles totalmente abusivos, e reveladores de uma parcialidade sem limites.
Desconfianças
Desconfio, porém, que não resida exclusivamente na arbitragem a adulteração de todo este obscuro balanço. Particularmente nos jogos contra o Benfica - em que o ódio, a extrema hostilidade, e os recalcados complexos em relação ao peso social e histórico do nosso Clube, têm também entrado em campo -, não tenho a certeza que o grau de superação física demonstrado habitualmente pelas equipas do FC Porto se deva exclusivamente ao treino, ou à simples, e legítima, vontade de vencer. De quem nos habituou a fazer-se valer de todos os meios para atingir os objectivos, de quem nos habituamos a ver atropelar reiteradamente a verdade e o desportivismo, devemos esperar tudo, independentemente de limites éticos ou legais, que nunca se lhes colocaram no horizonte. É uma pena que a regulamentação existente não permita dissipar cabalmente este tipo de desconfianças, mas, enquanto assim for, ninguém nos pode impedir de as sentir, nem de as manifestar.
Independentemente de tudo isto, e contando com tudo isto, os nossos jogadores não vão seguramente deixar-se atemorizar. As nossas armas são o talento, a organização, a concentração, o trabalho e a entrega total ao jogo. Temos grande jogadores, temos um grande treinador, e, contra adversários, árbitros, ambiente e sabe-se lá mais o quê, podemos vencer, como de resto fizemos na última deslocação ao Dragão - então para a Taça de Portugal, em eliminatória depois ingloriamente desperdiçada em nossa casa.
Sabemos que temos mais do que uma simples equipa de futebol pela frente. Mas é justamente esse o desafio que nos pode estimular a ser superiores e a vencer."
Luís Fialho, in O Benfica
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