"Terminou a Volta a Portugal. Melhor dito a meio Portugal porque a sul do Tejo nada houve. Com a ironia dos vencedores serem do... Algarve!
Uma volta diferente no traçado e na particularidade de ter tido dez ciclistas portugueses nos dez primeiros lugares, ao contrário do que vinha sucedendo. E ao invés do futebol, onde temos que esgravatar para achar portugueses na Babel de nacionalidades.
Já escrevi quanto gosto de ciclismo e me transporta para os anos de juventude. Talvez por isso, gostei que Ricardo Mestre, da equipa de Tavira, tenha vingado, meio século depois, os sucessivos segundos lugares do chefe de fila do então Ginásio de Tavira, Jorge Corvo. E, sobretudo, da volta que perdeu por míseros cinco segundos, depois de um contra-relógio por equipas, engendrado para lhe sumirem os dois minutos que tinha de vantagem.
A Volta 2011 beneficiou de uma esplendorosa transmissão televisiva que nada fica a dever ao que vemos no Tour. Um verdadeiro serviço público, à atenção do recente grupo criado pelo Governo para definir tal conceito. Um serviço de interesse público feito de ciclismo, cor e movimento, como de um Portugal belo e multifacetado, estampada na riqueza da paisagem, na descoberta de recantos perdidos na história, e na delícia de pormenores da ecologia humana. A que se juntaram o profissionalismo, o humor e a singeleza inteligente dos comentadores, em particular de João Pedro Mendonça e de Marco Chagas.
Foram tão boas imagens que até me esqueci de árbitros com nomes que bem poderiam ser de ciclista amador dos velhos tempos: Carlos Xistra e Olegário Benquerença!"
Bagão Félix, in A Bola
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