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domingo, 28 de agosto de 2011

Silêncio 'versus' clamor

"A final da Supertaça europeia confirmou duas coisas: a genialidade de Messi e que os erros de arbitragem são vistos e avaliados por todos.


1. O conjunto de participantes na fase de grupos da próxima Liga dos Campeões ajuda-nos a perceber, mais uma vez, a hierarquia do futebol europeu. Inglaterra, Espanha, Alemanha, França e Itália são as cinco grandes potências europeias. Nas últimas épocas, deparamos com clubes permanentes (todos eles originários destas cinco Ligas) e outros que têm presenças quase permanentes ou relevantes e que são originários das ligas portuguesa, russa, holandesa, turca, ucraniana ou grega. Da época passada para esta, o sorteio da Mónaco propocionou-nos, tão só, a alteração de representantes de cinco ligas nacionais. Não marcam presença clubes originários da Dinamarca, Escócia, Eslováquia, Israel e Sérvia e, em sua substituição surgem o belga Genk, o Bate Borisov da Bielorrússia, o Dínamo de Zagreb da Croácia, o Apoel do Chipre, o Plzen da República Checa e o romeno Otelul Galati, por sinal um dos adversários do Benfica. Os mapas em anexo ajudam-nos a perceber, para além da hierarquia, a estabilidade das potências do futebol europeu. E os milhões da Liga dos Campeões - em contraponto à escassez da Liga Europa - também nos ajudam a perceber que a luta pelo acesso a esta competição é uma luta bem dura, principalmente para as médias ligas europeias, onde necessariamente se inclui, em razão do ranking da UEFA, a liga portuguesa. E todos temos que perceber que esta luta é uma luta bem complexa na presente época desportiva. É que no final dela, os dois primeiros classificados têm acesso garantido à fase de grupos da Liga dos Campeões. O que é uma novidade nas últimas épocas do futebol português. Mas convém, também, não esquecer que não são só os clubes a lutar pelo acesso à Liga dos Campeões. Também os árbitros lutam por permanecer ou por ascender à elite da arbitragem europeia. E, nesta sede, também há classificações!


Fase de Grupos da Liga dos Campeões 2010/2011

Alemanha.....3

Dinamarca...1

Escócia.........1

Eslováquia....1

Espanha.......3

França.........3

Grécia..........1

Holanda......2

Inglaterra....4

Israel...........1

Itália...........3

Portugal......2

Rússia.........2

Sérvia..........1

Suíça...........1

Turquia.......1

Ucrânia.......1


Fase de Grupos da Liga dos Campeões 2011/2012

Alemanha...........3

Bélgica................1

Bielorússia.........1

Chipre.................1

Croácia................1

Espanha..............4

França.................3

Grécia..................1

Holanda...............1

Inglaterra............4

Itália...................3

Portugal..............2

República Checa..1

Roménia..............1

Rússia.................2

Suíça...................1

Turquia...............1

Ucrânia...............1


2. Estamos a viver os últimos dias do primeiro período europeu da intermediação de jogadores. E esta intermediação já envolve grandes, médios e pequenos empresários. E neles, nos grandes, necessariamente incluímos o português Jorge Mendes. Apesar da crise económica e financeira que percorre o capitalismo, há centenas de milhões de euros (e de libras) a circular no futebol europeu. A liga inglesa e a liga espanhola são, neste momento, os principais centros dos negócios, sem esquecermos a crescente importância da liga russa e de outras ligas do oriente da Europa, de que é exemplo o louco negócio de milhões que envolveu a contratação de Eto'o, transferido para os russos do Anzhi. É indiscutível que a globalização se centra nas multinacionais contemporâneas do futebol: Manchester United, Arsenal, Chelsea, Manchester City (menos Liverpool e Tottenham) e, necessariamente, Barcelona e Real Madrid.

Estas são as marcas globais. As que conservam e multiplicam adeptos. As que diversificam, com êxito, o conjunto dos negócios conexos com a indústria do futebol. As que obrigam a horários diversificados para as suas transmissões televisivas. As que potenciam os patrocínios, inclusive os equipamentos de treino. As que proporcionam aos principais jogadores impressionantes contrapartidas ao nível publicitário. As que já utilizam, com êxito, as novas plataformas de comunicação e de difusão. Daí a necessidade da liga espanhola te ultrapassado o diferendo que opunha clubes e jogadores e hoje arrancar o Real Madrid. E daí, também, a percepção clara da perda de influência do futebol italiano e o escasso relevo global das ligas alemã e francesa.


3. A Liga dos Campeões arranca a 13 de Setembro. No Dragão, o Futebol Clube do Porto recebe o Shakhtar Donetsk, porventura o seu adversário mais difícil no Grupo G. Mas, no dia imediato, as atenções do mundo centram-se no Estádio da Luz que, decerto esgotado, vai acolher mais um Benfica - Manchester United. E com todas as razões para os benfiquistas, depois da exibição frente ao Twente, sonharem com uma época de ouro.


4. A final da Supertaça europeia confirmou-nos duas realidades. A primeira é que Lionel Messi é um dos mais extraordinários jogadores na história do futebol. A segunda é que os erros da arbitragem são, hoje em dia, vistos e avaliados por todos. Ficamos a perceber que quando há prejuízo, e ele é efectivo, há vozes que não se calam. E daí sentirmos a diferença. Cá dentro, defendem o silêncio. Lá fora, o clamor. E não é uma questão de Pirenéus. É uma questão de percepção do erro.


5. Na próxima sexta-feira, a nossa selecção nacional ultrapassará, estou convicto, um Chipre de má memória e dará mais um passo pela presença directa no Europeu de futebol do próximo ano."


Fernando Seara, in A Bola

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