"O futebol do Benfica tem sido bipolar. Nos jogos e num só jogo, tem-se passado da euforia à desilusão, da sofreguidão à lassidão, da concentração ao disparate, da eloquência à fadiga. E vice-versa. Tal é vissivel em todos e cada um à sua maneira: jogadores, equipa técnica, sócios e adeptos.
Os primeiros jogos do Campeonato foram a tradução fiel dessa alternância dualista. No campo, intercala-se a magia com a displicência, o fulgor de uma jogada de arte e engenho com uma desatenção de iniciados, o virtuosismo de um jogador com a alienação de um colega. Tanto se é capaz de um grande jogo contra um poderoso adversário como de se deixar ingenuamente empatar diante de um primodivisionário.
Bem sei que a cultura do Benfica sempre foi a da vitória. Fundada e fundamentada num tipo de jogo empolgante e de ataque constante. A ganhar, procura ampliar a diferença e não a defender tão-só uma magra vantagem. O Benfica não sabe jogar a defender. Melhor dizendo, jamais teve essa forma de jogar.
Mas hoje o futebol também é feito de contenção, quase cinismo. Não que me agrade no plano do espectáculo, mas reconheço quantas vezes tem o efeito desejado no plano dos resultados.
Nesta época, o Benfica - apesar de umas tantas despropositadas contratações - tem uma equipa com as condições para garantir solidez, coesão, durabilidades e constância. Com a obrigação de sopesar o 'lítio quanto baste' para reduzir a bipolaridade que vai do oito e do oitenta e do oitenta ao oito.
Hoje é um importante teste contra provavelmente a melhor equipa holandesa da actualidade. E -espero - um ponto de partida para uma época categórica."
Bagão Félix, in A Bola
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