"Recordei há dias, o western de F. Zinnemann O comboio apitou três vezes. Por causa de um jogo em que o árbitro também apitou três vezes. Para apitar um 1.º penalty que não deveria ter apitado. Para apitar um 2º penalty. E para apitar que ainda não tinha apitado. E não houve necessidade de apitar mais porque o marcador do 1.º penalty fez ouvidos de mercador e pés de marcador. E porque o marcador do 2.º penalty, com tantos apitos no ouvido, resolveu trocar um golaço por uma homenagem ao apitaço.
Não sei a cor do apito. Dourado não era. Encarnado nem pensar. E o material? De madeira da Madeira? De lata? Ultrasónico? Da loja do mestre André? Com controlo remoto? Ou fabricado numa das vilas boas para apitos?
O certo é que foi um apito cujos decibéis dependeram não só dos pulmões ou dispneia do apitador como da sensibilidade à dor do apito. A bola entrou, houve dor. A bola não entrou, não houve dor. Nem sequer dor da apito(xina) que é o veneno dos zângões.
O apitador chama-se, em versão moura e familiar, El Mano. Que apita entre semibreves e semifusas, entre dós sustenidos e lás naturais.
Um delicado irmão, este El Mano! Até pode, numa próxima vez, substituir o apito pelo 'surdo' que, no Brasil, é um tambor cilíndrico de som forte e grave, usado no samba e muito considerado pela torcida! Ficariam, assim, sincronizadas e cegueira, a surdez e a torcida.
Razão tem o provérbio onde está o apito e o atom, não faz o demo o seu som, ao qual juntaria agora um outro com um inciso antes do apito: o jogo só termina quando o árbitro (não) apita. E sendo Santos o árbitro El Mano, se conclui, em versão inversa do adágio, que santos de fora fazem milagres..."
Bagão Félix, in A Bola
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