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terça-feira, 26 de agosto de 2025

Mais uma verdade inconveniente...


"A performance do Santa Clara, em Dublin, na próxima quinta-feira, pode ter uma influência de monta no futuro dos clubes portugueses, a curto prazo, nas competições europeias. É irónico que quem pouco ou nada se importou com a classe média, veja o seu estatuto colocado em causa pela chegada da Liga Conferência

Após as primeiras três jornadas da Liga Portugal Betclic, fico com a sensação de que, no final da época, a distância entre o quarto classificado e o quinto vai ser de perder de vista. Como nada mudou – a não ser um melhor apetrechamento dos quatro do costume (e muita atenção ao SC Braga...) - não há qualquer razão para que assim não seja, aprofundando-se a falência de uma classe média que vai suspirando pela chegada da venda centralizada dos direitos televisivos, na presunção de que o seu quinhão crescerá, embora se desconheçam, numa altura em que os valores estão globalmente a ser revistos em baixa, quanto vale, para o mercado, o produto que será licitado, nem sequer se conhece a fórmula de divisão dos proventos.
Nesta altura, o nosso País ocupa o sétimo lugar no ranking da UEFA (que contabiliza as épocas de 2021/22 a 2025/26), com 54, 556 pontos, estando a Bélgica na oitava posição, com 52,350. O problema é que, no final da corrente temporada, 2021/22 (onde Portugal fez 12,916 pontos e a Bélgica 6,600) será ‘deitada fora’ e substituída por 2026/27. E quando chegarmos à altura de incluir 2027/28 nas contas do ‘ranking’, indo ‘para o lixo’ 2022/23 (Portugal fez 10,900 pontos e a Bélgica 7,800), a nossa situação poderá ser, pelo menos, altamente periclitante. Não se pense que estas preocupações são extemporâneas, ou encontram-se ancoradas num pessimismo militante. É a realidade, uma realidade que pode penalizar muito o nosso futebol, nomeadamente os principais clubes, que podem pagar um preço elevadíssimo pelo abandono a que votaram a chamada classe média ao longo de décadas em que cada um olhou apenas para o seu umbigo.
Com o Sporting certo na fase regular da Liga dos Campeões, o mesmo sucedendo, na Liga Europa, a FC Porto, SC Braga e Benfica (que, eliminando o Fenerbahçe, acede ao pote de ouro da Champions), a sorte do Santa Clara na Liga Conferência poderá ser determinante para as contas nacionais. Os açorianos viajam à Irlanda em desvantagem (1-2), e um desaire deixar-nos-á sem representante numa competição onde, na época passada, o Vitória Sport Clube teve um comportamento muito positivo, contribuindo de forma assinalável para o ‘ranking’. Se o Santa Clara não passar, resta-nos colocar as fichas todas no AEK, que foi empatar a Bruxelas com o Anderlecht (1-1), e pode deixar a Bélgica também sem representação na Liga Conferência. Mesmo assim, se este for o desfecho, não será satisfatório para as nossas cores, cientes de que no fim da época perderemos, inevitavelmente, 6,196 pontos para os belgas, pelas razões já explicadas.
Para já, resta-nos desejar a melhor sorte ao Santa Clara, na próxima quinta-feira, às 20h no Tallaght Stadium, em Dublin, num jogo de crucial importância para o futuro internacional das nossas equipas. E, neste contexto, quem tem mais a perder? A resposta é fácil, tem mais a perder, quem tem mais a ganhar, ou seja, os grandes. O que acaba por ser uma fina ironia do destino, como se o feitiço estivesse a virar-se contra o feiticeiro."

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