"É uma questão lateral à controvérsia das compensações esticadas que marcaram o início da época, mas tem alguma relação e é bem capaz de se tornar ainda mais relevante: a variedade de soluções, sobretudo ofensivas, nos plantéis dos quatro principais clubes é maior do que alguma vez foi, pelo menos no seu conjunto, o que ganha maior relevância quando ao tempo se acrescenta fermento.
Dei por mim a pensar nisto ao ver o muito interessante – haja mais jogos assim! - Moreirense-Sporting de Braga. Quando em desvantagem, o treinador bracarense, Artur Jorge, tinha de recurso Al Musrati, Zalazar, Moutinho, Pizzi, mais o miúdo Roger, num jogo em que já faltavam os internacionais Ricardo Horta e Abel Ruiz, e em que promoveu à titularidade Rony Lopes e Banza.
O Braga tem limitações na defesa, mas para o momento ofensivo não me lembro de um plantel arsenalista com tantas e boas soluções (sim, André Horta, Djaló e Bruma já estavam em campo). Por ser de elementar justiça, diga-se que o Moreirense de Rui Borges é a primeira notícia que surpreende em bom nesta Liga e que as derrotas ao cair do pano, tanto ante FC Porto como Sporting de Braga, não o desmerecem, bem pelo contrário. Manter vivo um jogo mesmo até ao fim contra adversários com tal poder de alternativas – leia-se possibilidade de substituições - revela um mérito (e coragem tática) que me parece ser bem mais que entusiamo de principiante.
Tanta fartura será sempre também um problema de gestão de grupo, tanto para Artur Jorge como para qualquer dos colegas de ofício que comandam os grandes tradicionais. Vamos ao concreto.
Uma equipa-tipo do Benfica, com laterais por natureza, suponhamos Bah e Bernat, deixará de fora Florentino (ou João Neves) e só terá vaga para um jogador entre estes quatro: João Mário, Aursnes, David Neres e Gonçalo Guedes, já que será consensual que Di María, Rafa e um ponta de lança sejam fixos, por regra. Se o ponta de lança for Arthur Cabral, ainda haverá de fora Musa e Tengstedt, além de Chiquinho e Tiago Gouveia.
Quanto ao FC Porto, se o onze mais forte contemplar Varela e Nico no meio, mais Pepê, Galeno Taremi e Evanilson para diante, atente-se na legião alternativa e de qualidade de que Sérgio Conceição disporá no “banco”: Grujic, Eustáquio, Baró, Franco, Francisco Conceição, Gonçalo Borges, Iván Jaime, Veron, Namaso, Fran Navarro e Toni Martínez.
E no melhor Sporting que se tem visto, já com Hjulmand junto de Morita, sobram três lugares para o ataque, que têm sido de Pote, Paulinho e Gyokeres. Ou seja, um destes terá de sair (ou recuar, no caso de Pote) para que Marcus Edwards ou Trincão, dois talentos indiscutíveis, possam jogar de início. Se não jogarem, serão as principais armas de recurso, num grupo que já aproveita também Bragança e Geny Catamo, cada um a seu modo com acrescento garantido de criatividade.
Claro que o Braga é um caso diferente, mas nenhum campeão resultará este ano de qualquer milagre operado por um toque de Midas vindo do banco. O atrás descrito sublinha a qualidade dos plantéis, mas, mais ainda, a responsabilidade de os principais emblemas apresentarem bom futebol, atrativo, e sobretudo não se refugiarem em desculpas quando não conseguem ser superiores a qualquer dos outros conjuntos.
Milagres fazem o Moreirense e o Rio Ave quando atrapalham ou o Boavista e o Arouca quando até roubam pontos aos grandes. Ganhar o campeonato este ano será consequência da qualidade disponível, restando um único problema que, de tão óbvio, parece absurdo que seja preciso lembrar: é que só ganha um, por muito competente que seja qualquer dos outros. Mudar a cultura desportiva em Portugal bem podia começar pelo reconhecimento de que o rival também pode ter mérito. Mas, isto sim, talvez seja pedir um milagre."
Carlos :
ResponderEliminarO país é pequeno demais; existe uma relação de territorialidade muito próxima, a vizinhança é
grande, a familiaridade é mais que muita, o parentesco não vai além do terceiro grau, e a
amizade cheira-se a léguas, e que cheiro!
milagre seria uma gestão externa, independente, do futeLuso;
milagre seria uma gestão externa, independente da componente arbitral;
milagre seria o monopólio, inconstitucional, da sportv, passar a pluralismo televisivo.
Muitos milagres!!!
E paradoxo dos paradoxos!
Temos bons gestores;
Temos árbitros tão bons, e tão maus, como os de lá de fora;
Temos outros canais televisivos interessados no produto, e viva a sadia concorrência.
Então, porque não???
Alguém anda há quarenta anos a conspurcar e corromper tudo isto.
Pelos visto vão continuar a fazê-lo.
Vigorosos, apesar da idade, para novos mandatos.
As “eleições” sempre estiveram no papo!
E assi se faz o futeLuso!!!