"A sociologia difere das outras ciências. Uma dessas diferenças reside, sobretudo, num ponto: exige-se dela uma acessibilidade que não se pede à física. Giddens (2004) é perentório: “estudar sociologia devia ser uma experiência libertadora: a disciplina aumenta a nossa capacidade para entender e imaginar, abre caminho a novas formas de olhar as origens do nosso comportamento e faz-nos ter consciência da existência de contextos culturais diferentes dos nossos” (p. 7).
A sociologia toca em interesses vitais (Bourdieu, 2002). Revela coisas escondidas, como, por exemplo, a correlação entre o sucesso escolar, que se identifica com a inteligência, e a origem social, ou seja, o capital cultural herdado pela família. São as verdades que muitos tecnocratas e políticos, não gostam de entender. Por outro lado, revela que o mundo científico é um lugar de concorrência, orientado para proveitos específicos (prémios, prioridades de financiamento, prestígio, etc.). No fundo, é colocar em questão a hagiografia (tipo de biografia) científica, no qual participam os cientistas. A sociologia pode surgir como incómoda. E muitos leitores leem a sociologia com os óculos do seu habitus, que é o que nós adquirimos, que se incarnou nos corpos de forma durável, sob a forma de disposições permanentes.
A sociologia do desporto revela também que o desporto é um campo de lutas políticas. A concorrência entre as organizações é um dos fatores mais importantes do desenvolvimento da necessidade social. Os mais antigos apresentam estratégias de conservação do poder, tirando partido de um capital progressivo. Aqueles que lutam pela dominação, fazem com que o campo se transforme e se restruture constantemente. “A oposição entre esquerda e direita, o antigo e o novo, a retaguarda e a vanguarda, o consagrado e o herético, a ortodoxia e a heterodoxia, muda constantemente o conteúdo, mas a estrutura continua idêntica”"
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