"Eis os Jogos Olímpicos. Desta vez no Rio de Janeiro. Estão inscritos para competir 206 países, além de uma equipa designada Atletas Olímpicos Refugiados (integrada por dez praticantes). Não contam para este efeito, bem entendido, os atletas que nasceram e cresceram num certo país e que, por razões nem sempre respeitáveis, passaram a representar outra bandeira, assim como quem muda de clube. Nestas Olimpíadas 11383 atletas competirão em 42 modalidades. Daqueles, 92 são portugueses, sendo que 19 nasceram no estrangeiro. Enfim, uma verdadeira babilónia. Que pretende crescer mais ainda. Quando pelo contrário, deveria ser cada vez maior a exigência para participação nos Jogos. O velho ideal olímpico vertido na tríade altius, citius, fortius não pode ser confundido com um comando para tudo nele caber. A presente natureza nultitudiária dos Jogos deveria, assim, dar lugar a distinção superlativa do que é verdadeiramente mérito de excepção. Ou, como se diz no teatro, «fora de cena quem não é de cena». E no palco a luz deveria incidir, quase exclusivo, sobre os três verdadeiros protagonistas: o atletismo, a ginástica e a natação. Por exemplo: que falta faria o futebol aos Jogos? Nenhuma. Mas o pior é que a tendência não é no sentido de restringir, antes no de alargar o crivo. Basta ver que o Comité Olímpico Internacional acaba de reconhecer cinco novas modalidades, já para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020 surf, escalada, karaté, skate e baseball/softball. Por outra lado, o Comité decidiu, depois de aturada ponderação, que, para já, não transitam para o elenco olímpico disciplinas como o squash, o bowling e o wush. Calculo que se sigam depois, em sequência lógica, a canastra e o chinquilho."
Paulo Teixeira Pinto, in A Bola
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