"Numa das várias, e inquietantes, obras-primas de Luís Buñuel (neste caso, “Viridiana”), há uma sequência em que um cão, mal-tratado pelo dono, insiste ainda assim em seguí-lo com a fidelidade que só a sua espécie consegue expressar.
Entre os humanos assistimos, no entanto, a exemplos que conseguem, por vezes, aproximar-se desse registo. A postura do Sporting perante o FC Porto lembra-me frequentemente aquelas imagens, sendo aqui bastante fácil de distinguir o dono cruel e o animal amestrado.
Voa Paulo Assunção, voa Adriano, e o Sporting zanga-se com o Nacional da Madeira. Escapa João Moutinho, e o Sporting atira-se ao comportamento do jogador. Foge Ruben Micael, e o Sporting queixa-se do empresário. Perde Villas-Boas, e o Sporting lamenta a sua pouca sorte. Ouvimos Pinto da Costa a ridicularizar José Eduardo Bettencourt (sem falar do roupeiro Paulinho), e vemos o presidente portista no camarote presidencial de Alvalade. O FC Porto ganha 17 campeonatos em 25 anos, recorrendo às fórmulas mais obscuras (expostas nos casos Apito Dourado, Calheiros, Guímaro, “quinhentinhos”, e por aí fora), e o Sporting escuda-se no silêncio, permitindo que a ira dos seus adeptos se volte para o…Benfica.
Se não estivermos a falar de cães, sobrará apenas uma hipótese para entender isto: o Sporting e os sportinguistas olham para o FC Porto, não como um rival, mas como um parceiro útil no combate ao odiado vizinho, e regozijam-se com as suas vitórias, vendo-as como uma forma eficaz de evitar triunfos do Benfica. Aliás, na noite da comemoração de um dos últimos títulos portistas, foram vistas bandeiras verde e brancas nalgumas ruas de Lisboa, que não pareciam propriamente festejar o 2º lugar.
Esta peculiar atitude tem custado muito caro ao clube de Alvalade, que caiu, em apenas duas décadas, de segundo maior emblema português para um periclitante terceiro lugar na hierarquia do desporto luso. Isso, tal como os pontapés ao cão de Buñuel, pouco parece preocupar as suas gentes.
Mais do que um fenómeno desportivo, estamos aqui perante um verdadeiro “case-study” na psicologia de massas portuguesa."
Luis Fialho, in Vedeta da Bola
Entre os humanos assistimos, no entanto, a exemplos que conseguem, por vezes, aproximar-se desse registo. A postura do Sporting perante o FC Porto lembra-me frequentemente aquelas imagens, sendo aqui bastante fácil de distinguir o dono cruel e o animal amestrado.
Voa Paulo Assunção, voa Adriano, e o Sporting zanga-se com o Nacional da Madeira. Escapa João Moutinho, e o Sporting atira-se ao comportamento do jogador. Foge Ruben Micael, e o Sporting queixa-se do empresário. Perde Villas-Boas, e o Sporting lamenta a sua pouca sorte. Ouvimos Pinto da Costa a ridicularizar José Eduardo Bettencourt (sem falar do roupeiro Paulinho), e vemos o presidente portista no camarote presidencial de Alvalade. O FC Porto ganha 17 campeonatos em 25 anos, recorrendo às fórmulas mais obscuras (expostas nos casos Apito Dourado, Calheiros, Guímaro, “quinhentinhos”, e por aí fora), e o Sporting escuda-se no silêncio, permitindo que a ira dos seus adeptos se volte para o…Benfica.
Se não estivermos a falar de cães, sobrará apenas uma hipótese para entender isto: o Sporting e os sportinguistas olham para o FC Porto, não como um rival, mas como um parceiro útil no combate ao odiado vizinho, e regozijam-se com as suas vitórias, vendo-as como uma forma eficaz de evitar triunfos do Benfica. Aliás, na noite da comemoração de um dos últimos títulos portistas, foram vistas bandeiras verde e brancas nalgumas ruas de Lisboa, que não pareciam propriamente festejar o 2º lugar.
Esta peculiar atitude tem custado muito caro ao clube de Alvalade, que caiu, em apenas duas décadas, de segundo maior emblema português para um periclitante terceiro lugar na hierarquia do desporto luso. Isso, tal como os pontapés ao cão de Buñuel, pouco parece preocupar as suas gentes.
Mais do que um fenómeno desportivo, estamos aqui perante um verdadeiro “case-study” na psicologia de massas portuguesa."
Luis Fialho, in Vedeta da Bola
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