"José Águas viveu os momentos que imaginou quando era mais novo
Quando crianças, passamos horas a idealizar jogos ao serviço do clube do nosso coração, queremos colaborar para o sucesso da equipa e dar a alegria aos adeptos que tantas vezes sentimos. Mais do que contribuir, queremos retribuir. Mais do que ser jogador de futebol, queremos ser jogadores do Benfica.
José Águas era um desses meninos que sonhavam com enormes feitos de 'águia ao peito'. Apesar de viver em Angola, afirmava que 'sentia tanto os resultados com os que estavam' em Portugal. No entanto, o sonho de atuar pelos encarnados parecia estar tão distante quantos os quilómetros que separavam o Lobito de Lisboa. Ainda assim, não era motivo suficiente para que deixasse de sonhar.
Em 1947, começou a jogar como federado ao serviço das reservas do Lusitano do Lobito. Bastou apenas um encontro para ascender à equipa de honra. Afirmou-se rapidamente, e a sua fama de goleador espalhou-se. Três anos depois, na digressão do Benfica por Angola, integrou a comitiva dos encarnados. Convenceu e transferiu-se para o Clube.
Ted Smith promoveu a sua estreia na 2.ª jornada do Campeonato Nacional de 1950/51, frente ao Atlético. O nervosismo condicionou-o, não conseguindo demonstrar toda a sua qualidade. Na partida seguinte, perante o SC Braga, os companheiros de equipa transmitiram-lhe confiança. Surtiu efeito! José Águas apontou 4 golos na vitória por 8-2. O último fez lembrar um antigo jogador do Benfica, 'o oitavo golo, marcado a dois minutos do fim, pelo avançado Águas, (que) parecia levar a rubrica do Vítor Silva dos melhores tempos'. Deixou a imprensa rendida: 'Foi prometedora a exibição do jovem africano, que reúne muitas das qualidades que conduzem ao poleiro dos ídolos'.
No final do encontro, e por muitas horas que José Águas tenha sonhado com o entusiasmo dos adeptos após uma exibição sua, ficou surpreendido com o que se seguiu: 'Aquela grande ovação quando saía do rectângulo impressionou-me bastante. Cheguei às cabinas com vontade de chorar. (...) À saída das cabinas do Benfica fui transportado aos ombros até ao Campo Grande. Foi preciso que um sujeito qualquer em metesse num automóvel, deixando-me na secretaria do Benfica'.
O carinho dos adeptos pelo avançado foi repetido inúmeras vezes ao longo das 14 épocas que atuou de águia ao peito, em que confirmou o estatuto de ídolo e de um dos melhores avançados portugueses, contribuindo para vários títulos nacionais e para que o Benfica alcançasse o topo da Europa por duas vezes. Em 1963, despediu-se do Clube com a perceção exata do que se sente cada vez que veste esta camisola: 'É viver este ambiente apaixonado, quente, que nos entra na pele, abafa o coração, esta alegria imensa, quase sobre-humana, de... ser benfiquista'.
Saiba mais sobre a fantástica carreira de José Águas na área 23 - Inesquecíveis, do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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