"O penálti do Atlético de Madrid correu mundo, pesquisaram-se imagens, fizeram-se zooms, mas a essência global da arbitragem não está aí
O penálti de Julián Álvarez correu mundo. Imagens de vários ângulos, frames, zooms e nenhum braço levantado a jurar que o argentino do At. Madrid tocou duas vezes na bola antes desta entrar na baliza de Courtois. O golo foi anulado pelo polaco Szymon Marciniak após indicação do VAR e deixou o Real Madrid na frente de um desempate por penáltis, o qual viria a confirmar os merengues nos quartos de final.
No que toca a arbitragem, o foco foi todo para aquele duplo toque, com a internet, tão rápida nestas coisas, a lembrar lances de Cristiano Ronaldo e, sobretudo, o penálti de Messi frente a França, na final do Mundial 2022, como uma infração idêntica que não foi identificada. O árbitro era o mesmo, já agora…
A UEFA emitiu um comunicado e, melhor do que qualquer texto, mostrou as imagens e ainda disse que ia levar a questão ao International Board. Mas houve uma coisa que a UEFA não disse e devia ter dito. Que a arbitragem de Szymon Marciniak foi boa – haverá sempre quem encontre erros e de certeza que houve.
Mas é aqui que a arbitragem se deve focar. Tem-se falado demasiado de tecnologia, do VAR, dos foras de jogo semiautomatizados, de chips em bolas, mas parece-me que a própria arbitragem está a necessitar de reforçar aquilo que é a sua essência: a competência do árbitro de campo.
O VAR é uma ferramenta ótima, mas que tem um efeito perverso em quem leva o apito: proporciona algum relaxamento na tomada de decisões. Ou seja, influencia comportamento de quem é, de facto, o dono do apito, porque transmite-lhe uma sensação de segurança, muitas vezes falsa. Sobretudo, mascara a incerteza de alguns árbitros. E ter um árbitro que duvida do que decide é ter um árbitro sem critério e que agora assinala uma coisa como a seguir a sua contrária num lance idêntico.
Já chega os «penáltis de VAR» obrigarem os árbitros a assinalar coisas para gerir a perceção e a controvérsia de um contacto que não desequilibrou um avançado ou lhe causou dor, sequer, apesar de se ver um toque.
A arbitragem precisa de juízes que arbitrem o jogo como ele é e cuja autoridade lhes seja percecionada e reconhecida. Pelos jogadores, claro, mas pelo público também. Collina, o melhor de todos, nunca precisou de VAR para acertar mais do que os outros e se fosse juiz nesta era aposto um dedo mindinho que, nas estatísticas, seria o juiz com menos idas à TV na linha lateral.
Olhando para cá, Portugal esteve sempre na frente da videoarbitragem na Europa, mas deve insistir fortemente na formação e evolução contínua da arbitragem, digamos, «tradicional».
Pedro Proença já foi considerado o melhor árbitro do mundo. A par de termos o melhor jogador do mundo de futebol, do futsal ou da areia, esse é um desígnio que deve procurar também na presidência da FPF."
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