"Estranho paradoxo, este, o de termos caminhado para um nível de excelência no que à organização de eventos desportivos diz respeito (desde o Euro-2004, uma prova notável e que ainda hoje serve de referência), de termos a selecção campeã da Europa e simultaneamente sermos os líderes dos despedimentos de treinadores do seu principal campeonato. De dia somos dinamarqueses, à noite brasileiros.
Mas é justamente do Brasil (o país onde um técnico pode assinar à hora do almoço e ser despedido ao jantar se não disser boa tarde ao filho presidente), que está em marcha uma lei que pretende regular e proteger a figura do treinador de futebol, até aqui desprovido de muitos direitos. Pretende-se, com a Lei Caio Júnior (uma das vítimas da tragédia da Chapecoense) que estes homens possam, pelo menos, aguentar-se seis meses no cargo. Dar um pouco mais de humanidade a esta actividade.
Em Portugal não há um problema de direitos, mas parece haver quem não veja direita na hora de escolher o homem que vai orientar um grupo de 25 a 30 homens. A dança que tem marcado o dia a dia dos clubes de futebol da I Liga, com entradas e saídas, é coisa que parecia ter caído em desuso (o Nacional era um bom exemplo, com a aposta contínua em Manuel Machado) e confesso que não consigo encontrar um motivo para tantas mexidas. Porque não há nem mais nem menos dinheiro do que há um par de anos (diria que até está a pingar mais qualquer coisa) e as estruturas são as mesmas. Acredito que seja apenas um estranho vento que anda por aí. Porque nem todos podem ter o felling do presidente do Hoffenheim, quando decidiu apostar em Julian Nagelsmann, um jovem desconhecido de 28 anos e, hoje, com 29, ser considerado o treinador do ano na Alemanha."
Fernando Urbano, in A Bola
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