"Portugal chega à segunda final da sua história. Fernando Santos cumpre desejo. Ronaldo igualou Platini: 9 golos em Europeus
Pronto, já está: Portugal está na segunda final da história do futebol sénior. Meio mundo riu quando Fernando Santos, depois de garantir a presença na fase final, disse que, a partir de então, queria ganhar o Campeonato da Europa. A outra metade do Mundo deixou apenas o seleccionador trabalhar. A seguir, apareceram os jogadores a assinar por baixo: sim, queremos ser campeões. Depois foram os médicos. E os assessores. E os técnicos de equipamentos. E os fisioterapeutas. E o presidente. E os vices. E o motorista. E assim por diante. «Só volto dia 11», anunciava Fernando Santos.
Quando Portugal chegou a França, há mais de um mês, a esperança era grande. Depois, pouco a pouco, foi esmorecendo. Não se jogava bem, não se marcavam golos. A selecção ia seguindo em frente, dizia-se, à custa de sorte. De vacas. De amuletos. De pés quentes. De fé. Mas também de Ronaldo. E Nani. E Quaresma. E Pepe. E Renato. E Patrício. E Raphael. E todos os outros. E Fernando Santos, claro, não mudava o discurso: «Só volto dia 11.»
Surgiram cada vez mais críticas. João Mário não era o João Mário do Sporting. Cédric cruzava mal. Moutinho não era o Moutinho do FC Porto. William falhava demasiados passes. Ronaldo não era o Ronaldo do Real Madrid. Rafa não saía do banco. Nani não era o Nani do Manchester. Só Pepe era o Pepe do Real Madrid. Fernando Santos não alterava uma linha do discurso: «Só volto dia 11.»
Passou a fase de grupos, passaram os oitavos, os quartos e chegou-se à meia-final: Gales. Os críticos, como diria La Palisse, criticavam: só jogámos com Islândia, Áustria, Hungria, Croácia e Polónia, agora com Gales. E punham o dedo numa alegada ferida: Portugal pode chegar à final sem se cruzar com Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha ou França. Fernando Santos mudou, então, ligeiramente, o discurso: «Posso ser calimero, patinho feio, tudo aquilo que vocês quiserem, mas só volto dia 11.»
E ontem, depois de terminado o jogo com Gales, depois de ter abraçado os heróis do jogo, de Patrício a Ronaldo, de Cédric a Raphael, de Bruno Alves a Fonte, de Danilo a João Mário, de Adrien a Renato ou Nani, de Moutinho, a Quaresma ou André Gomes, subiu dois degraus das bancadas do estádio de Lyon e abraçou os filhos, Cátia e Pedro. E segredou-lhes: «Digam à vossa mãe que só regresso dia 11.» Espera-se que com o título de campeão da Europa no bolso. Seja a final com a Alemanha ou com a França.
Ronaldo igual a Platini
Com aquele fantástico golo de cabeça, Ronaldo igualou Michel Platini no topo da lista dos goleadores em fases finais de Campeonatos da Europa, com 9 golos. O francês fê-lo em cinco jogos do Euro-1984, o português no total de 20 jogos de 2004 (6), 2008 (3), 2012 (5) e 2016 (6). E entrara na história mal o jogo com Gales se iniciou. Tornara-se no primeiro a estar em três meias-finais de Campeonatos da Europa.
Para quem gosta de curiosidades estatísticas, aqui ficam mais algumas:
1. só o brasileiro Pelé (Mundial-1958) e o italiano Bergomi (Mundial-1982) chegaram mais novos do que Renato Sanches a uma meia-final de uma grande prova;
2. Rui Patrício (9) ultrapassa Ricardo (8) como guarda-redes português com mais jogos em fases finais de Europeus;
3. Foi a primeira vez neste Europeu que Portugal teve dois golos de vantagem;
4. 83 % dos golos de Ronaldo em fases finais de grandes torneios de seleções aconteceram nas segundas partes:
5. Ronaldo voltou a marcar um golo numa meia-final de um Europeu: 2004 e 2016. Só outros três jogadores o tinham feito: os russos Ponedelnik e Ivanov (ambos em 1960 e 1964) e o jugoslavo Dzajic (1968 e 1976).
E também Ronaldo só volta para casa dia 11."
Rogério Azevedo, in A Bola
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