"Uma série de decisões incompreensíveis da direção de Rui Costa levou a um cenário muito difícil para qualquer treinador, ainda mais um que muito sofreu na Luz e que agora aceita voltar
Bruno Lage merece mais, porém, ao mesmo tempo, sabe melhor do que ninguém onde se vai meter.
Um clube da grandeza histórica do Benfica não pode nunca navegar à vista.
Rui Costa não pode, primeiro, apostar num treinador, já queimado na relação com os adeptos e que deixou sozinho a arcar com toda a responsabilidade pelos fracassos anteriores, com a premissa de que, com outro tipo de jogadores, este conseguiria reproduzir um primeiro ano de sucesso e, depois, ir-lhe retirando sucessivamente opções que sustentariam esse objetivo: Neves, depois Neres e Morato e, por fim, João Mário.
A saída de um dos capitães, magoado com as bancadas, e que também desfalcou Schmidt na reta final, é mais um sinal gritante da fragilidade da liderança de Rui Costa, que aceitou que fossem os adeptos a empurrar um jogador importante para qualquer treinador, sobretudo num contexto de maior estabilidade do processo coletivo, para uma transferência. Como se permite no Benfica esta gestão de fora para dentro? Mesmo que tenha servido paralelamente para poupar um ordenado elevado, colocando-se mais uma vez o lado mercantilista bem à frente do desportivo.
Entretanto, Marcos Leonardo também saiu. Um bom negócio, nove meses depois, contudo novo indício de como o clube tem sido gerido. Basta irmos pela mudança de discurso. Aquele «é um jogador para agora e para o futuro» basta para a análise.
Quanta desta instabilidade não invadiu o relvado?
Quantas vezes Roger Schmidt não terá sido obrigado a explicar aos atletas o que estava a acontecer e garantido que nenhum deles seria o próximo? Provavelmente, sem o saber.
Não terá também contribuído para a instabilidade emocional do próprio treinador no momento das decisões? Ainda que haja mais do que a simples falta de um ou outro jogador que justifique tão fraca produção ofensiva da equipa.
Tapete puxado a Schmidt
Depois de ter tirado o tapete de debaixo dos pés de Roger Schmidt, Rui Costa não pode despedi-lo sobretudo a três dias do fim do mercado.
Ainda mais sem ter um substituto na sala ao lado já a assinar contrato e disposto a passar as madrugadas seguintes na companhia da estrutura do futebol à procura de soluções no mercado de transferências, com todos os condicionalismos já inevitáveis.
Aterrou então Akturkoglu para assinar contrato ainda no aeroporto e colmatar a saída de Neres, já não a tempo de ser aproveitada pelo demitido, mas na fé de que encaixará nas ideias do próximo.
É preciso então um treinador universal, ou que se aproxime do antecessor, que pegue no que há e crie dinâmicas e coloque a equipa, já com cinco pontos de atraso, a vencer todos os jogos e assim se evite mais uma Liga perdida na Luz.
Entretanto, o mercado trouxe duas contratações planeadas – Pavlidis e Beste – e cinco negócios de oportunidade, não colocando obviamente em causa a sua qualidade: Leandro Barreiro estava em final de contrato com o Mainz; Renato Sanches não contava para Luis Enrique no PSG, tal como Issa Kaboré para Guardiola no Manchester City; o Burnley de Amdouni tinha descido de divisão e o avançado estava descontente, e Akturkoglu estava a preço de saldo porque era preciso pagar, no Galatasaray, a chegada de Osimhen.
Trubin, por sua vez, ficou sem concorrente.
Sobreviver ao treinador
São outros tempos, mas o mítico Brian Clough dizia, com alguma lógica, que nenhum presidente deveria sobreviver ao treinador que contratou. Não querendo dizer com isto que Rui Costa deva cair, há demasiada responsabilidade da sua parte para que não seja assumida publicamente.
Nesta altura, as opções para um novo treinador não abundam. Quem se sujeita a não poder colocar o plantel um pouco à sua imagem? Só quem tem pouco a perder.
Tendo em conta a pública necessidade de fazer dinheiro – 100 milhões, mais coisa menos coisa, foi o saldo positivo no mercado, mesmo que conte apenas para um exercício que só fecha em junho de 2025 –, um vencimento baixo também é importante, face às aparentes necessidades de tesouraria.
A sombra sobre Lage
Bruno Lage é então o escolhido.
Não tenho dúvidas de que, apesar de já ter saído há alguns anos e os processos poderem estar diferentes, é alguém que conhece todos os cantos e a cultura da casa.
Também, obviamente, nele se vislumbra capacidade para cenários complicados, como aconteceu no ano do título e até na primeira época no Wolverhampton, que teve de reinventar depois de anos sob a ideia mais pragmática de Nuno Espírito Santo. No Botafogo, não correu bem, mas os sucessores também falharam, fosse ou não a jogar o feijão com arroz que os jogadores pretendiam.
Não acredito ainda no grito como solução, mas sim na ideia certa para os jogadores certos, com o discurso mais apropriado. Bruno Lage sempre trabalhou as suas equipas e, no futebol, tudo parece possível.
No entanto, há um sombra muito carregada sobre o técnico português. A do segundo ano na Luz.
Ainda hoje ninguém conseguiu explicar verdadeiramente o que se passou e Lage já esclareceu que o problema não foram os jogadores. Então, o que foi, mesmo com a pandemia pelo meio? Como se explica que uma equipa que não estava a jogar bem, todavia ganhava e levava uma boa vantagem se deixa entrar numa espiral em que só vence 2 jogos em 12? E ao primeiro pior resultado a imagem vai reaparecer.
É um Bruno Lage demasiado só aquele que cai no Funchal, a 29 de junho de 2020. O mesmo tinha acontecido com Rui Vitória, tal como, mais tarde, Jorge Jesus, aqui já com Rui Costa como presidente e não apenas vice. E agora com Schmidt.
Pela forma como os dirigentes o trataram da primeira vez, Lage merecia mais. E parece incrível que, depois de tudo o que aconteceu, a si, a antecessores e sucessores, e diante dos mesmos protagonistas, aceite o desafio. Mas, na realidade, poucos sabem melhor realmente naquilo em que se vão meter."
Este jornalista é mesmo rasca e anti-SLB do pior. Em tudo o que o SLB faz só vê defeitos. Sabe da táctica, sabe da gestão e de tudo. Só não sabe fazer uma análise introspectiva que o ajude a praticar um jornalismo deontologicamente "desnausebundado".
ResponderEliminarNunca achou estranho produzir "notícias" em que ele fosse a fonte.
Não me espantou que o jornal dele procurasse atrelar ao SLB a nao contratação de Galeno! A única forma de caracteizar DSO é falar do SLB? Ao que chegamos!
Num outro dia, o jornal dele, naquele estilo peculiar de mexer e remexer a merda para associá-la toda ao SLB, produziu desonestamente uma informação sobre as equipas patrocinadas pela empresa transportadora Emirates. Fazendo de conta que a questão do mercado onde as equipas estão inseridas é irrelevante, produziu uma "mentícia" rasca, mal cheirosa e nauseabunda. O mais importante era sujar o SLB. Se este está num mercado limitado que condiciona a negociação, isso é zero para o jornal.
No dia em que ele começar a analisar criticamente o que escreve e faz, poderá começar dar um novo rumo rumo à actividade que lhe garante o pão