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quinta-feira, 4 de abril de 2024

A analogia de Duarte Gomes para explicar dois lances da Luz


"Comentador de arbitragem A BOLA analisa lances entre Di María e Júnior Pius e entre Coates e Rafa

Às vezes a melhor forma de tentar explicar alguns lances é através da analogia, de exemplos práticos que podem ajudar-nos a ter outra perspetiva e visão dos factos.

Tema:
Parece haver ainda alguma confusão sobre quando e como devem ser punidos determinados contactos físicos entre jogadores: quem provoca o quê, como, quando, em que circunstâncias e com que consequências.
O lance de ontem, entre Coates e Rafa, foi disso exemplo cabal, tal como outro na Luz entre Di Maria e Júnior Pius (SL Benfica/GD Chaves, da jornada anterior).

Vamos às analogias então:
SITUAÇÃO -1
- Imagine que está a fazer uma corrida e ao passar por outra pessoa (a fazer o mesmo), toca com o seu pé na perna dela, caindo no chão.
Repare:
- Essa pessoa não fez nada. Não perturbou a sua movimentação, não invadiu o seu espaço, não fez qualquer movimento com os pés e/ou pernas para que você tropeçasse ou caísse. Pergunta: - De quem é a responsabilidade da sua queda?
Resposta:
- É sua, caro leitor. Porquê?
- Porque promoveu deliberada e/ou involuntariamente um contacto com alguém que nada fez para o prejudicar, afetar ou perturbar a sua corrida.

SITUAÇÃO - 2
- Você está a correr em velocidade e quando passa por outra pessoa (também a correr), ela estica uma das pernas para o seu lado, para a frente da sua trajetória de corrida. Resultado? Você cai, porque tropeça num "obstáculo" inesperado que surgiu diante de si.

Pergunta:
- De quem é a responsabilidade dessa queda?

Resposta:
- É dessa pessoa, caro leitor, porque foi ele que iniciou movimento de risco para o seu espaço, para onde você estava a passar, levando-o a desequilibrar-se e cair. Não foi você que foi tocar nela. Foi ela que se posicionou de forma a que o impacto fosse inevitável.

Repto:
- Consegue o caro leitor ter lucidez e distanciamento suficientes para compreender a diferença entre as duas situações? Elas são aparentemente semelhantes, mas na verdade são totalmente opostas.
Acho que continuamos a ver futebol com demasiado coração, sem pôr a razão no sítio certo. E é talvez por isso que deduzimos que lances idênticos têm tratamento diferente.
Não! Lances idênticos têm tratamento idêntico, mas lances diferentes devem e têm que ter respostas diferentes!
Que alguns adeptos apaixonados não consigam ver essa realidade, tudo bem.
Agora que pessoas com outra obrigação e responsabilidades desconheçam as diferenças técnicas entre situações parecidas, bem... aí a história é outra."

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