"Ao longo de mais de 30 anos assisti e acompanhei processos relativos a agressões a jornalistas no relvado das Antas e nos corredores do actual estádio do FC Porto. Fiquei a par de perseguições a treinadores e jogadores do próprio clube que não quiseram renovar contratos - um abraço ao Co Adrianse e ao Paulo Assunção, entre muitos outros. Fiquei boquiaberto com o ridículo apelo de guerra Norte-Sul num país com apenas 700 quilómetros de uma ponta a outra. E agora, como se ainda fosse possível descer mais baixo, eis que a estratégia de comunicação do segundo classificado da Liga volta à sarjeta. Depois da agressão de um qualquer, treinador espanhol a Jorge Jesus, a newsletter oficial do clube publicou e enviou uma mensagem aos seus assinantes onde goza com o técnico do Benfica e com as suas falhas de português. O tema é recorrente e deixa-me, acima de tudo, enjoado.
Eu não tenho que gostar da personalidade de Jorge Jesus. Aliás, nem o conheço pessoalmente, por isso não posse tirar conclusões apenas com base no que leio ou no que oiço sobre ele. A única coisa que posso analisar são os seus resultados como treinador de Futebol e, nesse aspecto, tiro-lhe o chapéu. Dá erros de português? E então, ele foi contratado para meter a equipa a jogar e a ganhar ou para dar aulas de Gramática?
A maior parte dos portugueses não teve oportunidade, vida ou dinheiro para continuar os estudos. Isso não faz deles - de nenhum de nós - menos sérios. Neste país de doutores e engenheiros fajutos era só o que me faltava ficar calado quando vejo um cidadão ser enxovalhado por não dizer correctamente um nome estrangeiro ou por não aplicar correctamente uma regra gramatical. Entendam de ma vez por todas que o tempo do jogo sujo e baixo acabou. Faltam seis pontos."
Ricardo Santos, in O Benfica
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