"A tolerância é sempre mínima em momentos de crise
O hábito de ganhar torna-se rapidamente num vício que transporta os vencedores para uma dependência que, por isso mesmo, tem os seus contras. É muito bom estar na mó de cima, viver na abundância dos triunfos, conhecer apenas ‘the bright side of the life’, como cantavam os Monty Python, mas todos os ciclos, mesmo os mais virtuosos, têm um fim.
E se no caso do Benfica é precipitado falar com essa certeza definitiva – nem pouco mais ou menos-, a verdade é que é legítimo identificar um cenário de crise que pode levar à interrupção do ciclo virtuoso. Como já assumiu Rui Vitória, "há momentos de glória e de tristeza".
Recorrendo de novo à música, bem poderíamos dizer que o treinador dos encarnados pode invocar Vinicius de Moraes e juntar a sua voz ao apelo do grande poeta brasileiro: "tristeza, por favor vá embora". Só que o momento do Benfica inspira um sentimento maior do que tristeza.
Causa apreensão geral e provoca até revolta entre os adeptos, como se verificou no final do jogo com o Rio Ave. Para gerir o sucesso também é preciso arte e saber, sendo que a tolerância e paciência, aparentemente maiores nestes contextos, esgotam-se quase à mesma velocidade com que desaparecem nas longas conjunturas desfavoráveis.
Rui Vitória tem a capacidade de encaixar bem as desilusões, mantendo uma postura calma e sem alarmismos. Mas em certos momentos até este comportamento sereno e quase distante da realidade motiva a crítica e o desagrado. Vitória está, pois, também ele, a precisar de inspiração para, como Vinicius, "voltar àquela vida de alegria".
Por favor não me aperte o pescoço
O exercício do cargo em relação à malta da bola faz-se com alguma soberba, mas não é a conduta nem a honra da palavra que o justifica. Afinal, episódios como aquele que ocorreu entre o presidente da ADOP (Rogério Jóia) e do COP (J. M. Constantino) não dignificam a classe dirigente. Antes pelo contrário."
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