"Este ano, a confirmar-se a nossa vitória, qual vai ser a tese? Essa que já por aí anda, de que ninguém merece ganhar este campeonato.
Se tudo correr normalmente - e as técnicas das polícias secretas, de que alguns têm tantas saudades, não tornarem o previsível impossível - então, diria (com alguma segurança), que o Benfica tem muitas hipóteses, muitas, mesmo, de conquistar o seu 36.º campeonato nacional e o 1.º tetra da sua riquíssima história no futebol português!
Eu sei que ainda não ganhámos nada e desse mesmo estado de espírito (que não sinto) dei conta na segunda feira passada, na SIC, repetindo, à saciedade, que «... o título ainda não estava decidido»!!!
Não estava, ainda não está, ... mas pode vir a estar!
Ou - melhor - espero... mesmo... que sábado esteja.
Apesar do respeito que a todos nos merece o Vitória, a realidade (do ponto de vista de um benfiquista) não poderia ser tão madrasta que nos levasse a, nos seis pontos em disputa, perder... 5, num claro exercício de pôr a lei das probabilidades de pernas para o ar...
Para isso, já bastou 2012/2013, com o Estoril...
E, pela mesmo lei das probabilidades, um novo caso desses ainda demorará muito tempo a repetir-se.
E - já agora, se não for pedir muito - com quem na altura for à frente, para que sejamos nós, Benfica, os campeões!
1. Rumo ao tetra - dois campeonatos (33 e 34) ganhos à rasca... apesar de termos o mestre da táctica
Pois este rumo ao tetra (que começou por ser ao 34, depois ao 35 e, agora, ... ao 36), lembrar-se-ão bem, começou, até, muito mal. Com uma derrota na Madeira, numa deslocação muito difícil.
Difícil como sempre é uma deslocação à Madeira (se o Benfica conseguir o tetra, terá perdido 2 vezes em 4 jogos nos Barreiros).
Difícil para o Benfica, claro, porque para outros, que precisavam de lá ganhar para alimentar o sonho de impedir o nosso tetra, era um jogo fácil (mas isso são contas de outro rosário... que não de Fátima).
Pois nesse tempo - apesar desse péssimo começo, na senda do que havia acontecido na época anterior, em que tínhamos perdido 3 finais, nas Antas, em Amesterdão e no Jamor - já a culpa era do Benfica.
Quis a história e a incompetência de outros que o atraso que normalmente dávamos fosse recuperado, para acabar como 2.º título de alguém em 5 anos de Benfica!
Seguiu-se o 34, o do bicampeonato, com uma saída do melhor treinador do mundo (3 títulos de campeão em 6 anos) a cheirar a vingança, logo endeusada por quem, odiando o Benfica, via nessa saída o fim de um ciclo.
Mas se até aí havia inveja ao Benfica, essa ideia de vingança cedia, por vezes, à bajulação incompreensível perante alguém que tem a maior máquina de propaganda que há memória no futebol português, sem que ao produto anunciado corresponda, em absoluto ou com alguma razoabilidade, o que sai, em cada jogo, do pacote que vimos em exposição para venda!
2. Rumo ao tetra - um campeonato ganho (35)... apesar de serem outros que jogaram melhor
Com a saída desse produto futebolístico sobre-avaliadíssimo para o Sporting, estavam reunidas as condições para serem confirmadas as duas teses jornalísticas mais desejadas das últimas décadas do futebol escrito luso!
Que o Benfica, sem Jesus (1.ª tese), voltava aos caminhos do sofrimento futebolístico, porque o mestre da táctica - 2.ª tese - iria arrasar (e arrasar-nos) no seu novo clube!
Sabemos como começou esse campeonato.
E lembramo-nos bem como essa diferença pontual inicial trouxe para a discussão pública a ideia - veiculada por tanto avençado - de que ele era o special one... numa versão para consumo interno!
A arrogância, a sobranceria, o desprezo acabaram como mereciam... ou seja... em 2.º lugar!
Restou esse argumento - com prémios entregues e tudo, numa das cenas mais patéticas do jornalismo desportivo português - de ter sido dos outros o melhor futebol praticado nesse campeonato (como se a história registasse a parte estética e não a eficiência pontual).
3. E este ano (a confirmar-se), o 36, ... apesar de ninguém e merecer ganhar
Pois este ano - presumindo que as probabilidades não fazem nenhuma surpresa, e com a convicção de que nenhum jogo está ganho antes de acabar - a confirmar-se a nossa vitória, qual vai ser a tese para o desmerecerem?
Aquela que por aí já vai aparecendo, embora timidamente, para não assustar os que se irão atravessar por ela.
A de que - na verdade... rebéubéu, pardais ao ninho - ninguém o merece ganhar!
Sem mais!!!
Se já não há espaços para elogiar o mestre da táctica e se a vergonha e o mínimo de decência que por lá ainda vai havendo os impede de dizer que foram outros quem praticou o melhor futebol, então nada melhor que recorrer ao método dos concursos literários quando os júris consideram não haver nenhuma obra merecedora da atribuição do 1.º prémio.
Esquecem-se que não ganha quem eles querem, nem podem levar a taça para casa sem a entregarem, se não ganhar o clube deles.
E como também não podem dar o 1.º lugar a quem fica em 2.º, por ser, em si, uma contradição nos próprios termos, vai de inventar que... ninguém merece ser campeão!
O Sporting porque, depois da expectativa do ano passado, os fez engolir uma data de sapos vivos.
O Porto porque, pese embora a tentativa de levar ao colo, teimava em cair, de cada vez que estava a chegar onde os tais arautos da imparcialidade queriam.
E nós, ... porque não gostam de nós (o que não sendo uma razão, é uma razão mais do que suficiente para eles)!
4. Em conclusão...
Ora, feitas as contas, e para alguma dessa malta (que não a do Benfica), foi Jesus que ganhou 2 dos últimos 4 campeonatos, ... noutro foi do Sporting o melhor futebol e no que ainda está a decorrer não devia haver vencedores porque... ninguém o merece ganhar
Ainda assim, os Aliados continuam apenas com adeptos do Benfica a festejar, a CMP vazia sem ninguém para receber, a CML, a fazer as honras ao campeão e o Marquês todo vermelho!
Rumo ao 36.
E se, para o ano, quiserem chamar-lhe outra vez Liga Salazar e eu a festejar o 37 (e o penta... como lhes doeria, mesmo)... que lhe chamem isso ou outra coisa qualquer... desde que seja nosso!
Mas para já, e porque (não sendo loucos da cabeça) sabemos que nada está ganho, ....
Benfica, Benfica, ... Dá-me o 36!!!"
Rui Gomes da Silva, in A Bola
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