"Cada jogo tem uma história. Mesmo quando jogado entre quem se defronta com frequência, a história não se repete na totalidade. Parte dela pode ser semelhante, mais que não seja pelas características aleatórias do jogo, mas o todo nunca é repetido. As condições em que as equipas se encontram nesse momento, a dimensão dos clubes, o local do jogo, e muitas outras questões, influenciam os intervenientes.
Alguns profissionais disputam os jogos em condições de extrema pressão psicológica, jogam o seu futuro durante esse mesmo jogo. E quando digo isto, refiro-me inclusivamente aos salários, ao futuro das suas próprias famílias. Contudo, a exposição pública a que normalmente estão sujeitos, mesmo em equipas de menor dimensão, obriga-os a conseguirem um rendimento elevado mantendo um comportamento adequado. Quando isso não acontece raramente a crítica deixa passar em claro a falha.
Com o futebol falado, este complemento ao jogo que se estende por toda a semana, com incidência especial às segundas e terças, momento em que combatem os guerreiros dos três maiores clubes, tornando o jogo algo menor comparado com tão eloquente espectáculo. Os comentadores passaram a ser agressivos, têm inimigos e não adversários. Estarão pressionados pelos clubes? Dependem do sucesso do programa para manterem o salário? Não creio. Têm liberdade para comentar os erros dos intervenientes no jogo, mas não têm capacidade para resistir a uma pequena pressão exterior. Ou será que os níveis de audiência justificam tudo? Não me parece.
Existe uma responsabilidade social que não pode ser ignorada. Deviam todos rever o programa, com um coach para auto-análise. Cada programa tem uma história diferente, não deve é conter comportamentos que promovam a agressividade entre os adeptos. O futebol é um jogo. Também é falado, mas é muito mais bonito jogado."
José Couceiro, in A Bola
Lamento é que cada vez mais fala-se em rivais e até inimigos e não em adversários. Veremos no fim, quem fica com as calças na mão!
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